sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Relatório Final do Simulado da Escola Estadual

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
ESCOLA ESTADUAL COMANDANTE MAURÍCIO COUTINHO DUTRA
RELATÓRIO FINAL DE DESENVOLVIMENTO DO PLANO DE AÇÃO DO PDE





Cumprindo as exigências de um dos planos de ação desenvolvidos para o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, da Escola Estadual Comandante Maurício Coutinho Dutra, foi realizado o primeiro “Simulado”, que teve como público alvo os alunos de 8º. e 9º. Anos do Ensino Fundamental (períodos matutino e vespertino).
A prova do simulado foi elaborado pela professora Beatriz S. O. Feitosa, que além de responsável pela ação foi gerente do objetivo que teve como líder a professora Mariza Marques da Costa Ferreira. Para tanto, solicitou-se dos professores de cada uma das disciplinas das turmas, elaborassem 03 questões, que possibilitou a elaboração de uma avaliação de conhecimento, por meio de conteúdos trabalhados em sala de aula ao longo do ano.
A ação não foi financiável, entretanto teve custos, os quais o corpo administrativo da escola se propôs de imediato a financiar, o material utilizado foi:
- 1408 folha de papel A4 75g/m²;
- 08 envelopes grandes;
- fita adesiva;
- grampos;
- tinta para impressora.
A participação dos alunos foi bastante relevante o que pode ser notado no quadro da página à seguir:



No que se refere ao quantitativa da avaliação, gostaríamos de fazer menção ao Índice de desenvolvimento da Educação Básica em nível nacional acerca do qual temos um quadro a seguir


Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Anos Finais do Ensino Fundamental
Ensino Médio
IDEB Observado
Metas
IDEB Observado
Metas
IDEB Observado
Metas
2005
2007
2007
2021
2005
2007
2007
2021
2005
2007
2007
2021
TOTAL
3,8
4,2
3,9
6,0
3,5
3,8
3,5
5,5
3,4
3,5
3,4
5,2
Dependência Administrativa
Pública
3,6
4,0
3,6
5,8
3,2
3,5
3,3
5,2
3,1
3,2
3,1
4,9
Federal
6,4
6,2
6,4
7,8
6,3
6,1
6,3
7,6
5,6
5,7
5,6
7,0
Estadual
3,9
4,3
4,0
6,1
3,3
3,6
3,3
5,3
3,0
3,2
3,1
4,9
Municipal
3,4
4,0
3,5
5,7
3,1
3,4
3,1
5,1
2,9
3,2
3,0
4,8
Privada
5,9
6,0
6,0
7,5
5,8
5,8
5,8
7,3
5,6
5,6
5,6
7,0
IDEB 2005, 2007 e Projeções para o BRASIL
Fonte: Saeb e Censo Escolar.[1]

O referido quadro aponta os índices da educação pública da atualidade, bem como as perspectivas para os próximos 12 anos. No que se refere ao Simulado aplicado aos alunos do 8º. e 9º. Anos da Escola Estadual Comandante Maurício Coutinho Dutra podemos afirmar que o mesmo superou de forma significativa o resultado dos índices nacionais. Como pode ser verificado por meio da ficha de classificação final que segue:

CLASSIFICAÇÃO POR “ANOS” E “TURMAS” DO SIMULADO – 2008.[2]

8º. Ano “A”
1º. Lugar/ 23 acertos
Caio Jared Martins Santos


2º. Lugar/ 21 acertos
Isabella Lopes dos Santos

3º. Lugar/17 acertos
Ada Gabriela Cardoso Luz
Talyson Moura Costa



8º. Ano “B”
1º. Lugar/ 20 acertos
Anderson C. Serafim

2º. Lugar/ 19 acertos
João Miguel Soares Neto
Naggyla Sâmara Ferreira Romeiro

3º. Lugar/ 17 acertos
Gabriel Andrade Martins



8º. Ano “C”
1º. Lugar/ 15 acertos
Tchamara Barbosa Dias

2º. Lugar/ 14 acertos
José da Silva
Adilson Felipe Vogt
Daniele Silva Santos

3º. Lugar/ 13 acertos
Daiane Cunha
João Marcos
Daisy Avalhaes




8º. Ano “D”
1º. Lugar/ 17 acertos
Adeildo Gonçalves
Alyson Silva Lima
Marcio André Petry

2º. Lugar/16 acertos
Renata dos Santos Felbeck

3º. Lugar/ 15 acertos
Jhenyffer Andrade Viana



9º. Ano “A”
1º. Lugar/ 19 acertos
Jéssica Caroline

2º. Lugar/ 17 acertos
Ketlen Mayara de Oliveira Silva
Dionatan Rodrigues

3º. Lugar/ 16 acertos
Camila Kramer Pereira
Carina Nunes Teixeira
Maycon Willian dos Santos



9º. Ano “B”
1º. Lugar / 18 acertos
Toígor Silva Oliveira

2º. Lugar/ 15 acertos
Rafael de Jesus Ferreira

3º. Lugar/ 14 acertos
Aline Cristina Meirelles Lima



9º. Ano “C”
1º. Lugar/ 16 acertos
Claudinei José de Arruda

2º. Lugar/ 14 acertos
Lucas Hugo P. Batista

3º. Lugar/ 13 acertos
Roger Gomes Pedroso
Cláudio
Mayara dos Santos



Melhor pontuação no simulado de todos os 8º. Anos
CAIO JARED MARTINS DOS SANTOS


Melhor pontuação no simulado de todos os 9º. Anos
JÉSSICA CAROLINE

Apontamos ainda o resultado do mesmo índice aplicado ao Estado de Mato Grosso do Sul, e mais uma vez podemos constatar que os resultados obtidos pelos alunos foram bastante satisfatórios.

Fases de Ensino
IDEB Observado
Metas Projetadas
2005
2007
2007
2009
2011
2013
2015
2017
2019
2021
Anos Iniciais do Ensino Fundamental
3,2
4,0
3,3
3,6
4,0
4,3
4,6
4,9
5,2
5,5
Anos Finais do Ensino Fundamental
2,9
3,5
3,0
3,1
3,4
3,8
4,2
4,4
4,7
5,0
Ensino Médio
2,8
3,4
2,9
3,0
3,2
3,4
3,8
4,2
4,5
4,7
IDEBs observados em 2005, 2007 e Metas para rede Estadual - MATO GROSSO DO SUL
Fonte: Saeb e Censo Escolar.[3]





































______________________________________
Professora Beatriz S. O. Feitosa
Responsável pela Ação




SONORA/MS-2008
[1] http://ideb.inep.gov.br/Site/ . Acessado em 11/12/2008.
[2] Considera-se o total de acertos a partir de um total de 28 questões que compunham a avaliação.
[3] http://ideb.inep.gov.br/Site/ acessado em 11/12/2008.

Simulado da Escola Estadual

ESCOLA ESTADUAL COMANDANTE MAURÍCIO COUTINHO DUTRA













SIMULADO APLICADO ÀS TURMAS DE 8º. E 9º. ANOS DA ESCOLA ESTADUAL COMANDANTE MAURÍCIO COUTINHO DUTRA


















Sonora/MS – 2008

ESCOLA ESTADUAL COMANDANTE MAURÍCIO COUTINHO DUTRA









SIMULADO APLICADO ÀS TURMAS DE 8º. E 9º. ANOS DA ESCOLA ESTADUAL COMANDANTE MAURÍCIO COUTINHO DUTRA







Plano de Ação liderado pela professora Mariza Marques da Costa Ferreira e gerenciado pela professora Beatriz dos Santos de Oliveira Feitosa, como cumprimento de parte do que foi disposto no PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação).








Sonora/MS – 2008

JUSTIFICATIVAS


O processo de ensino-aprendizagem é composto de uma série de elementos, dentre eles a avaliação, sem a qual consideramos perder as ferramentas que permitem o equilíbrio de um bom método pedagógico, pois permiti perceber e qualificar o desempenho do aluno no trabalho com todos os referenciais teóricos.
Isto posto, justificamos a aplicação de um simulado para as turmas de 8º. e 9º. Anos da Escola Estadual Comandante Maurício Coutinho Dutra.

OBJETIVOS GERAIS


Dar condições para que o aluno possa avaliar seu aproveitamento nas diversas disciplinas ao longo do ano letivo. Ressaltar que a avaliação é apenas um passo no processo de aprendizagem e o simulado deve contribuir para isto.
Incutir nos educando um sentimento de valorização do conhecimento, testando suas habilidades e estimulando o aprendizado.




OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Viabilizar condições materiais e pedagógicas para que o Plano de Ação (um dos vários que compõem o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE) contribua para a meta maior, ou seja, a elevação do desempenho escolar dos alunos, além de contribuir para a maior dinamização da prática de sala de aula.
Estimular a aprendizagem dos alunos de todas as turmas e disciplinas do Ensino Fundamental.


METAS

Aplicar as prova do simulado para todas as turmas de 8º. e 9º. do Ensino Fundamental
ESTRATÉGIAS

Utilizar duas aulas no dia 28/11 para a realização da avaliação, sendo que o professor do primeiro horário deverá permanecer na sala até que a avaliação seja concluída.


RECURSOS

HUMANOS:
- 176 alunos dos 8º. anos (A, B, C, D) e dos 9º. Anos (A,B,C)
- Professores para aplicar a avaliação em cada uma das turmas.
- Professores para corrigir os cartões respostas.
MATERIAIS:
- 1408 folhas de papel branco;
- 7 envelopes grandes;
- Tinta ou toner para impressão.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

PEQUENO HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA

ICE – INSTITUTO CUIABANO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ENSINO DE HISTÓRIA












PEQUENO HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA
EDUCACIONAL E ANÁLISE DO REFLEXO DESSA CONSTRUÇÃO
NO ENSINO DE HISTÓRIA EM SONORA-MS










Beatriz S. Oliveira Feitosa










Rondonópolis – MT / 2006

ICE – INSTITUTO CUIABANO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ENSINO DE HISTÓRIA










PEQUENO HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA
EDUCACIONAL E ANÁLISE DO REFLEXO DESSA CONSTRUÇÃO
NO ENSINO DE HISTÓRIA EM SONORA-MS










Monografia apresentada ao curso de especialização em “ENSINO DE HISTÓRIA”, como parte dos requisitos para obtenção do título de especialista sob a orientação da profº Ieda Mana Brighenti









Rondonópolis – MT / 2006












AGRADECIMENTOS






Aos professores e orientadores que, de várias formas proporcionaram crescimento humano e intelectual.
A todos os profissionais da educação com os quais foram discutidas questões aflitivas, em especial aqueles que responderam aos questionamentos propostos.
Às administradoras das escolas do município que foram pacientes nos fornecendo dados relevantes para a pesquisa.
A todos que de diversas formas, tornaram possível e viável a conclusão do curso.
E porque não dizer a todos aqueles e todas aquelas que acreditam no ideal de transformação social, mulheres e homens que através da utopia buscam tornar realidade o ideal da educação neste país.
















DEDICATÓRIA


























Aos meus pais, que de várias formas contribuíram, em qualquer circunstância e sob qualquer obstáculo, apoiando e compreendendo.
Aos companheiros e amigos que dão sentido a luta pela transformação.
E aos filhos, que dão sentido à vida.
























“Conhecemos apenas uma única ciência, a ciência da história.”
Karl Marx





RESUMO


Ao pensar um tema a ser discutido em trabalho monográfico atraiu a idéia de entender o processo educacional, bem como os reflexos do mesmo no “Ensino de História”, para tanto, optou-se por fazer uma retomada histórica do mesmo, pautada na concepção histórica e materialista do mundo, partiu-se em busca de entender nosso objeto, que é a reflexão e análise acerca da construção histórica do processo educacional e de ensino, isso a partir da totalidade dialética para, em seguida atingir o específico proposto, ou seja, o sistema educacional e a forma como sua mutação em nível nacional interferiu no Ensino de História no município de Sonora. Buscava-se ao término do trabalho, além de entender a estrutura do sistema de ensino, mostrar que o mesmo seguiu uma tendência de atender determinadas classes sociais de maneira diferenciada ao longo da história e na atualidade sofre profundas contradições quando propõe formar um cidadão capaz de modificar estruturas que, na verdade, deseja manter. Acredita-se que esta foi uma tarefa ousada e foi realizada sabendo dos riscos que corridos de tratar o assunto com superficialidade, entretanto, pensa-se, que foi dado aqui um importante passo para a continuação desse estudo, acredita-se que se pode realizar outros trabalhos a partir deste, contando com as idéias aqui abordadas que são explicações reais, documentadas, pautadas em fontes e bibliográficas confiáveis, quando se foi a busca de entender o processo de construção do ensino no Brasil, utilizou-se autores de expressão que tratam do assunto, tais como: Alves (2004), Ponce (2000), Romanelli (2000), Guiraldelli (1991), Saviani (1996). Quando buscou-se entender a influência da economia na construção do sistema educacional o referencial utilizado foi o papa da história econômica brasileira: Prado Jr. (1998). No que se refere a parte específica do presente estudo comprovou-se muitas questões que eram consideradas aflitivas, e que na verdade, são as mesmas que afligem todos os educadores do município estudado, para tanto se utilizou de entrevistas com 10%, do total de 115 professores das redes: municipal, estadual e privada. Os dados obtidos com estas entrevistas permitiram constatar que mais do que problemas específicos do município de Sonora são questões que afligem educadores de todo território brasileiro, como já havia sido observado nas leituras do referencial bibliográfico mencionado. No tocante ao Ensino de História Especificamente foi feita uma espécie de “vôo rasante” das alterações sofridas pelo mesmo ao longo do tempo e para verificar a temática no município analisado foi feito entrevistas com os professores e professoras de História do mesmo. Quanto às perspectivas teóricas, acredita-se que o conhecimento é veículo de transformação, e pensando na tendência materialista que orientou os estudos, pretende-se que o presente trabalho, aliado a prática pedagógica e social seja veículo desse processo. Conclui-se que o ensino atendeu as necessidades de cada um dos tempos históricos e na pós-modernidade, mergulhou em profunda contradição ao fundamentar ideais próprios do capitalismo neo-liberal, que se organiza em função da manutenção da ordem estabelecida.









SUMÁRIO


INTRODUÇÃO.............................................................................................................09

CAPÍTULO I
- BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO............................................................................................................................12
– CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE A EDUCAÇÃO DAS COMUNIDADES PRIMITIVAS E DAS SOCIEDADES ESCRAVISTA E FEUDAL...15
– A ESCOLA MODERNA ENQUANTO BASE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCOLA CONTEMPORÂNEA..................................................... 20

CAPÍTULO II
– PROCESSO EDUCACIONAL BRASILEIRO............................................................22

CAPÍTULO III
– ANÁLISE DA CRISE DO SISTEMA EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA PÓS-MODERNIDADE E OS REFLEXOS DA CRISE NA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SONORA – MS....................................................................................................................42
– ANÁLISE DOS QUESTIONAMENTOS DESTINADOS AOS DOCENTES DO MUNICÍPIO DE SONORA – MS.......................................................................................51
– TENDÊNCIAS E POSSIBILIDADES PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO MUNICÍPIO DE SONORA.................................................................................................54
– CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................57
– REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA................................................................................61
















INTRODUÇÃO





O presente estudo tem por objetivo refletir e analisar acerca da construção do processo educacional e de ensino, visando entender a crise vivida no contexto da pós-modernidade, bem como os reflexos desta no Ensino de História no município de Sonora – MS.
A metodologia que direcionou a pesquisa foi o materialismo dialético, bastante discutido no decorrer do estudo, pois é a mesma metodologia que sustenta o referencial curricular de Mato Grosso do Sul.
“Pequeno histórico da construção do sistema educacional e análise dos reflexos dessa construção no Ensino de História em Sonora – MS”, é fruto de uma espécie de frustração sentida enquanto profissional da educação, pois, notórias as mudanças sociais que o mundo vem vivendo, e os reflexos dessas mudanças, sentidas pela escola não tem sido os melhores, o abismo social que separa uma massa de excluídos do direito ao básico que deveria ser permitido aos seres humanos que é o direito à vida. Discutir a educação contemporânea é pensar uma nova forma de sociedade mais justa e democrática.
A pesquisa se sustentou no campo teórico por um referencial bibliográfico de autores comprometidos com a análise do sistema educacional brasileiro, utilizando obras que tratam da construção do processo educacional ao longo da história, recorreu-se ainda, a muitas horas de navegação pela internet, e não se pode deixar de mencionar as extensas conversas com colegas professores e ainda, de pesquisa de campo com a utilização de entrevistas feitas com 10%, dos 115 professores das redes: municipal, estadual e privada, para comprovação ou refutação de idéias pré-concebidas, além de entrevistas com todos os professores de História do município mencionado.
O estudo foi dividido em três capítulos, sendo que no primeiro foi feita uma contextualização histórica do processo educacional, tratando da necessidade de organização dos primeiros grupos humanos, onde a educação não era sistematizada, mas havia necessidade de ser aprendido o que era importante para sobrevivência do grupo. Com o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas, começaram a ser produzidos os excedentes, fato fundamentais para que se entenda o surgimento das classes sociais. Foi a partir desse período que começaram a surgir instituições ou pessoas especificamente preparadas para ensinar.
Essa tendência educacional foi se alterando a partir da fragmentação do Império Romano, pois no período posterior quem dominava o conhecimento e se responsabilizava pela educação era a Igreja Católica, que mantinha nos monastérios escolas destinadas, sobretudo à educação religiosa.
No segundo capítulo do presente estudo analisou-se o nascimento da modernidade, bem como as transformações vividas pela humanidade no período, foi a partir daí que se tratou do processo de construção do ensino no Brasil. Ressalta-se que a história do Brasil não teve início com a ocupação do território pelos portugueses, já existem indícios de organização de grupos humanos na região há pelo menos 50 mil anos, entretanto a pesquisa não se debruçou sobre este período anterior à ocupação e colonização, o recorte temporal se restringiu ao período posterior à catequização dos nativos pelo colonizador europeu. Neste capítulo procedeu-se a uma análise sucinta, mas não superficial das transformações vividas pela sociedade brasileira e a maneira como o sistema de ensino foi se adequando a essas transformações. Neste capítulo foi feita uma explanação das transformações vividas no âmbito do Ensino de História.
O terceiro capítulo trata do reflexo de todas as transformações descritas anteriormente, fazendo uma análise da crise vivida pelo sistema educacional no contexto da pós-modernidade, nesse ponto passou-se ao estudo bem específico da nossa realidade municipal, buscando mostrar até que ponto o município de sonora se insere no processo de transformações estruturais vividas pela sociedade brasileira, que no campo educacional apresenta todo um discurso de transformações sociais, apresentadas nas reflexões acerca dos referenciais curriculares do Estado de Mato Grosso do Sul, mas na prática mantém toda estrutura de manutenção da ordem estabelecida. Neste ponto do trabalho buscou-se entender até que ponto as mutações vividas pelo Ensino de História em âmbito nacional interferiram no mesmo em nível local.
















BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO





Acredita-se que o projeto proposto a ser desenvolvido é um tanto ousado, pelo tempo de disposto e pelos valores que a sociedade pós-moderna tem imposto àqueles que primam pelo crescimento profissional e intelectual em uma sociedade cada dia mais competitiva e desigual, que impõe a busca constante e interminável pela compreensão desse universo de saberes cada dia mais fragmentado e especificado.
Diante desta realidade de fragmentação é que se justifica a afirmativa inicial de ousadia do trabalho ora iniciado, isso porque não se entende que os acontecimentos podem ser explicados nesse contexto de fragmentação, e sim na explicação dos processos por meio de uma visão materialista e dialética do mundo, onde só se pode entender os fenômenos políticos, sociais, econômicos e nesse caso específicos, educacionais, se buscarmos entendê-lo na origem, esse é o propósito, entender o processo de formação do sistema de ensino no Brasil desde sua gênese, para em seguida analisar a especificidade do objeto, que é o município de Sonora.
Visando atingir a visão da totalidade conceito materialista dialético que foi trabalhado por Ponce[1], numa tentativa, muito bem realizada,
de apresentar o processo educacional ao longo das sociedades humanas. É importante destacar que a análise que se propôs fazer neste estudo não deve levar a fragmentações da realidade. Ao contrário, ela deve conduzir a uma análise global do sistema educacional, que, longe de ser paralisante, guarde a perspectiva do movimento de transformação da própria realidade. Cabe lembrar que a noção de totalidade no método dialético não significa a mera soma das partes. Neste método, o “todo” tem uma dinâmica própria, que ultrapassa a justaposição de partes. É fundamental, para a análise marxista, superar a fragmentação e buscar a compreensão da totalidade.[2]
A obra de Ponce, porém, sofreu algumas críticas por parte de um grande estudioso da educação brasileira[3], que encara suas reflexões como moralistas e ahistóricas:
“Historicamente, no caso, não há homens pérfidos, oportunistas, traidores e farsantes realizando tarefas políticas com a intenção primeira de prejudicar os trabalhadores, há homens propondo soluções para os problemas humanos de seu tempo sob a perspectiva de classe”.[4]

A defesa de Alves é pertinente, na medida em que todo o processo de construção social, - incluí-se aí a educação – é fruto da necessidade real dos homens que viveram nos vários momentos históricos e que inclusive o estado burguês tão criticado por Ponce, estava buscando uma solução para os problemas do seu tempo. Ao citar a crítica de Alves, objetivou-se não permitir que as análises feitas caíssem num materialismo vulgar, que explica tudo pelo econômico e vê as atitudes humanas como pensadas e arquitetadas para o bem ou para o mal de determinados grupos em detrimento de outros.
“Superando o materialismo vulgar será possível reconstruir historicamente o processo de produção da escola pública contemporânea; será possível ver nesse processo a ação de homens reais que, no interior das classes em luta, dão movimento à história e, como decorrência, será possível evidenciar as imprecisões que, ainda hoje, dominam a teoria referente à educação e se reproduzem quando direcionam a investigação das temáticas que lhe são pertinentes”.[5]

Entretanto, a existência de uma certa afeição com o método dialético materialista, permitiu observar a obra de Ponce, para além da determinância apontada por Alves, “Educação e Luta de Classes”[6], é uma obra interessante para situar o processo de construção do sistema educacional, visto que a história da educação se relaciona com o processo histórico de construção da sociedade.











CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA SOBRE A EDUCAÇÃO DAS COMUNIDADES PRIMITIVAS E DAS SOCIEDADES ESCRAVISTAS E FEUDAL


Um olhar mais cuidadoso sobre a história permite notar que ao longo do tempo o homem foi transformando o espaço e, conseqüentemente, transformando a si próprio, para entender necessidades específicas.
Desta forma, todas as citações humanas são suscetíveis de mudanças e atendem a necessidades históricas. Porém, essas criações não são individuais, pois homens e mulheres sozinhos tem poder limitado, mas quando se relacionam com outros homens e mulheres, estabelecem relações que propiciam a criação e a invenção humana. Nas trocas culturais o homem vai incorporando experiências, vai aprendendo e ensinando, essa forma de transmitir acervo cultural entre os homens e mulheres é o que se pode chamar de educação.
A proposta é mostrar que a educação foi, ao longo do tempo, atendendo as necessidades de cada uma das diferentes sociedades.
“Coletividade pequena, assentada sobre a propriedade comum da terra e unida por laços de sangue, os seus membros eram indivíduos livres, com direitos iguais (...) o que era produzido em comum era repartido com todos, e imediatamente consumido (...) a execução de determinadas tarefas, que apenas um membro da comunidade não podia realizar, deu lugar a um precoce começo de divisão do trabalho de acordo com as diferenças existentes entre os sexos, mas sem o menor submetimento por parte das mulheres (...)”.[7]
Essa questão abordada por Ponce, acerca da divisão do trabalho é fundamental para entender a organização posterior do sistema educacional num período posterior, visto que a diferenciação de classes, gerada pela divisão social do trabalho acabou provocando uma concepção de educação também diferenciada.

Mercê de uma insensível e espontânea assimilação do seu meio ambiente, a criança ia pouco a pouco se amoldando aos padrões reverenciados pelo grupo. (...) presa às costas de sua mãe, metida dentro de um saco, a criança percebia a vida da sociedade que a cercava (...) a criança adquiria a sua primeira educação sem que ninguém a dirigisse expressamente. Um pouco mais tarde, quando a ocasião o exigia, os adultos explicavam às crianças como elas deveriam comportar-se em determinadas circunstâncias. Usando uma termologia a gosto dos educadores atuais, diríamos que, nas comunidades primitivas, o ensino era para a vida e por meio da vida; para aprende a manejar o arco, a criança caçava; para aprender a guiar um barco, navegava.[8]

Nota-se que a forma de educar aí definida, nada tinha a ver com a estrutura escolar, entretanto, ao passo que se foi instituindo a propriedade privada, a organização educacional também foi alterada:
(...) na comunidade primitiva, uma divisão rudimentar do trabalho distribuiu precocemente as tarefas, em função de sexo e idade. Mas, a diferenciação não parou aí. A distribuição dos produtos, a administração da justiça, a direção das guerras, a supervisão do sistema de irrigação etc. foram exigindo, pouco a pouco, certas formas de trabalho social ligeiramente diferentes do trabalho material propriamente dito. Com as rudimentares técnicas da época, o trabalho material era de tal modo cansativo que o indivíduo que se dedicava ao cultivo da terra, por exemplo, não podia desempenhar, ao mesmo tempo, nenhuma das outras funções que a vida tribal exigia. Portanto, o aparecimento de um grupo de indivíduos libertos do trabalho material era uma conseqüência inevitável da ínfima produtividade da força humana de trabalho.[9]
Com as mudanças sociais provocadas pelo aperfeiçoamento das técnicas agrícolas, começou a surgir os excedentes de produção, além disso,
aqueles que produziam mais começaram a se diferenciar dos demais. Nota-se a partir daí a divisão da sociedade em torno das classes sociais.
Surgem, então, as instituições ou pessoas especificamente preparadas para ensinar. Se na comunidade primitiva o grupo se encarrega de ensinar e a educação era integral a preocupação após a ocorrência da diferenciação social era a de diferenciar também a educação recebida.
Aristóteles[10] já propunha uma educação diferenciada para os homens livres, uma formação para o intelecto e outra para o ócio. O Estado deveria ser o responsável pelo direcionamento dessa educação e o fim último seria preparar homens adequados para geri-lo, ressalta-se que o cidadão para Aristóteles era aquele que possuía plenos direitos políticos, portanto, as mulheres, os estrangeiros e os escravos estavam fora desse processo, entretanto, era este último segmento que formava a maior parte da população.
É necessário fazer uma breve comparação com o processo educacional contemporâneo, em que todos aqueles que no passado estavam excluídos da vida pública, hoje tem plenos direitos de cidadãos, entretanto os benefícios dessa condição ainda continuam a ser privilégio de uma bem reduzida minoria.
É de conhecimento geral, que por volta do século V o império romano entrou em processo de desestruturação e decadência, acentuado, sobretudo pelas invasões dos povos vindos do Oriente, esse período marcou o declínio da escravidão, da vida urbana, do comércio e conseqüentemente acentuou um processo de fragmentação do poder. A organização agrícola e o fortalecimento do poder dos donos da terra, bem como o grande poder exercido pela igreja é algo de conhecimento geral, portanto o presente estudo não acentuará a organização econômica do período medieval.
No que se refere ao papel exercido pela igreja católica na organização educacional do período é de suma importância. Ela surgiu inicialmente como elemento de renovação, crendo na fragilidade de um mundo em decomposição (o Império Romano). Pregava uma nova cultura. Prometia igualdade a todos os povos. O cristianismo, por exemplo, questionava valores e idéias da sociedade escravista. A igreja deu proteção material e moral aos necessitados. Os fiéis agradecidos doavam terras, contribuíam com impostos. O poder material e ideológico desta instituição, desde então, foi aumentando, seus domínios começaram a ultrapassar os limites físicos do feudo, o que tornou possível monopolizar o saber e controlar o sistema educacional. Dessa forma, o cristianismo marcou a Filosofia pela preocupação em explicar os destinos do homem através do cristianismo.
Os senhores feudais – nobres – viviam do trabalho servil, de saques e guerras travadas com regiões vizinhas. Dessa forma, os nobres investiram na formação de cavaleiros e pouca importância deram à instrução:

A nobreza careceu de escolas no sentido estrito, mas não de educação. Com um sistema parecido ao dos efebos da nobreza grega, a nobreza medieval formava seus cavaleiros através de sucessivas iniciações. O jovem nobre vivia sob a tutela materna até os 7 anos, ocasião em que entrava com o pajem ao serviço de um cavaleiro amigo. Aos quatorze, era promovido a escudeiro, e nessa qualidade acompanhava o seu cavaleiro às guerras, torneios e caçadas. Por volta dos vinte e um anos, era armado cavaleiro.[11]

Nos monastérios a igreja mantinha escolas destinadas, sobretudo, à educação religiosa – catequese – chamada de escolas monásticas e escolas
para formação de seus quadros, denominada de escola para oblatas.
A partir do século XI – denominado pelos historiadores de Baixa Idade Média -, o modo de produção feudal começou a se alterar. O crescimento da produção fomentado pela introdução de novas técnicas agrícolas ocasionou o aumento da população. As trocas foram estimuladas e houve um maior desenvolvimento do comércio. Pouco a pouco os mercadores foram se instalando ao lado dos muros dos feudos, criando a estrutura para o desenvolvimento das cidades medievais. O trabalho ainda era artesanal, mas o produto desse trabalho passa a ter valor de troca, isto é, não servia apenas para uso. Muitas transformações foram ocorrendo. O contato com outras civilizações estimula o desenvolvimento das técnicas para o campo, para a navegação. A introdução do papel e da imprensa contribui para o desenvolvimento do conhecimento científico.
Uma nova classe surgiu: a burguesia, mercadores, moradores dos burgos (cidades medievais). Essa classe vai controlando a produção e passa a reivindicar modificação na estrutura fechada de classes da sociedade medieval. A igreja detentora do saber sistematizado, passou a atender as reivindicações da burguesia e a desenvolver o ensino nas escolas catedralícias, chamadas assim porque ficavam junto às catedrais, instaladas nas cidades. Essas escolas foram, no século XI, o germe das universidades.











A ESCOLA MODERNA ENQUANTO BASE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCOLA CONTEMPORÂNEA


O conceito de modernidade é bastante amplo, em síntese, propõem o surgimento de uma nova sociedade, que por sua vez, exige um novo tipo de homem. Esse homem aparece como centro das discussões. O desenvolvimento do comércio cria a necessidade de formação do homem de negócios, cidadãos cultos e hábeis diplomatas. Houve uma preocupação com a personalidade humana em contraposição à vida claustral. Aumentou a crítica à formação escolástica, ao estudo da teologia, ao divino, à autoridade, à sobrecarga de memória, à educação “alienada” da vida. Os burgueses passaram a reivindicar um ensino “prático”.
O processo de transição do feudalismo para o capitalismo foi realizado através de muitas lutas travadas pela burguesia. Vários movimentos políticos-ideológicos e religiosos para combater os nobres e a igreja católica foram formados com o Humanismo e a Reforma Religiosa. Para combater as reações, a igreja criou o movimento da contra reforma e lançou mão do Tribunal da Santa Inquisição, recurso utilizado para perseguir seus opositores. Dentre as várias pessoas que foram perseguidas e mortas, destaca-se, Galileu Galilei, que foi condenado ao exílio, Giordano Bruno, queimado vivo. Descartes, um dos mais importantes filósofos do período, teve que esconder seus escritos. O pecado cometido por esses homens era tentar provar que as afirmações de origem divina não tinham mais razão de ser. Impulsionados pelas descobertas e pela necessidade de dominar o mundo esses homens propunham uma nova investigação sobre o homem. As experiências empreendidas iam de encontro aos dogmas da igreja.
O capitalismo que passou a ser gerado ainda na Idade Média, com o desenvolvimento do comércio, impôs, nos séculos XV e XVI, o aumento do intercâmbio com outras nações e com ele o acirramento da competição. A necessidade de o homem dominar o mundo para expandir o comércio, impulsionou o avanço da ciência, medicina, anatomia, biologia, mecânica, matemática, cálculo e dos experimentos.
Com a ajuda de novas técnicas, a burguesia se expandiu por todos os quadrantes do planeta e contou com o apoio da coroa portuguesa e espanhola para explorar o novo mundo. Foi nesse período de grandes transformações que teve início a colonização do Brasil. Posteriormente será feita uma análise do processo educacional estabelecido o Brasil no contexto da colonização.

















O PROCESSO EDUCACIONAL BRASILEIRO


A colonização do Brasil se concentrou nos interesses específicos de um Estado burguês, que visava o benefício de uma determinada classe social em detrimento de um grande número de excluídos, contingente necessário e integrante do processo seletivo e concentrador da sociedade capitalista em que a educação do povo brasileiro foi gestada.
É necessário acentuar que a educação formal no Brasil teve início com a colonização portuguesa, diante da necessidade de conformar o indígena à nova civilização.[12]
O que se processou no momento da colonização foi a contradição entre as duas culturas que entravam em contato a partir daquele momento histórico, pode-se perceber este choque cultural na carta escrita por Pero Vaz de Caminha:

(...) A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas, e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.[13]

O processo de colonização e a montagem do sistema educacional se sustentaram nos interesses de acumulação de capital dos europeus, o nativo
encontrado nessa região foi encarado como exótico, passível de adaptação do modelo europeu para impor seu processo de dominação econômica o colonizador empreendeu um processo de decomposição da cultura do índio.
As missões jesuíticas foram responsáveis pelo processo de imposição cultural nos moldes da colonização portuguesa, criando uma massa de trabalhadores dóceis e sem resistência à dominação. Nesse sentido, os jesuítas[14] cumpriram um papel fundamental com a missão de catequizar o nativo indígena, impondo-lhe uma nova cultura. As escolas eram organizadas nas aldeias e serviam basicamente para inculcar as leis cristãs, convertendo os habitantes ao catolicismo. Fundamental, então, era ensinar a ler e escrever e, sobretudo, através do trabalho aprender uma nova forma de adaptar-se à dominação portuguesa. A ordem religiosa também acabou tornando-se lucrativa empresa capitalista no Novo Mundo, por força do patrimônio que progressivamente amealhara. Engenhos, fazendas de gado e outras modalidades de propriedade, fizeram a Companhia de Jesus estabelecer relações capitalistas no âmbito da produção.
Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 e permaneceram até 1759, quando foram expulsos pelo novo sistema do governo do primeiro ministro de Portugal, Marquês de Pombal. Nessa época haviam mantido 36 missões, diversas escolas de ler e escrever e vários estabelecimentos de ensino secundário. Apesar de terem contribuído para assegurar uma nova ordem capitalista no Brasil colonial, o combate gerado pelas novas forças sociais burguesas e a Igreja que representava as forças do feudalismo, expresso no movimento de Contra-reforma, motivaram a expulsão desses missionários e a
conseqüente desarticulação de sistema de ensino jesuítico.[15]
A nova educação proposta para formação de um novo homem, nesse período, deveria expressar os ideais burgueses, inconciliáveis, portanto, com a educação escolástica que tinha como proposta a formação de quadros para a Igreja. É nesse contexto que os jesuítas são expulsos do Brasil. Esse novo homem, pensado pelos ideais iluministas, deveria atender aos interesses burgueses, logo a educação nesse período deveria ser voltada à formação do homem de negócios.
No Brasil, o sistema jesuítico, de ensino secundário, foi substituído por aulas régias (avulsa) desarticulando o ensino em forma de curso. Basicamente, lecionava quem soubesse mais que os outros.
A independência brasileira, ocorrida em 1822, expressou no plano político a interferência inglesa nos assuntos políticos do Brasil. A pressão tanto do lado interno, da burguesia nacional, quanto externo, Inglaterra, aumentaram deixando apenas uma saída para o imperador: a proclamação da independência.
Apesar disso, a estrutura econômica brasileira permaneceu baseada no mesmo triplé que deu sustentação a economia colonial, ou seja, na monocultura, no latifúndio e no sistema escravista. A população trabalhadora brasileira era composta em sua maioria por negros e índios. Uma minoria detinha o poder econômico: os proprietários de terras. Contudo pouco a pouco a estrutura social começou a ficar mais complexa. Desde os séculos XVIII e XIX a economia da mineração foi gerando atividades complementares. Era preciso criar uma nova estrutura administrativa e comercial para atender às necessidades do deslocamento da população para outras áreas do país.
Surgiram camadas intermediárias como pequenos comerciantes e proprietários rurais, profissionais liberais, funcionários para atender à administração, dentre outros. Além disso, trabalhadores assalariados e artesãos começaram a ocupar as cidades que se desenvolviam graças às atividades mineradoras.[16]
No plano educacional foram criados os cursos da Academia Real da Marinha, Academia Militar, Escola Politécnica, anatomia e cirurgia (RJ) cirurgia no Hospital Militar (BA). No Rio de Janeiro, houve um desenvolvimento, também, de escolas técnicas de artes e ofícios, desenhos, agricultura. Em 1823 um decreto criou no Rio de Janeiro uma escola que deveria trabalhar com o método Lancaster, método de ensino criado na Inglaterra. Esse ensino podia contar com um professor que assessorado por decuriões (grupo de 10 alunos), dava atendimento a mais de 1000 alunos[17], este método tinha por objetivo básico a ampliação do ensino na medida em que o tornava mais barato.
A gratuidade da educação primária, bandeira já defendida pela burguesia desde a Revolução Francesa, apareceu na Constituição de 1824 (primeira constituição do Brasil) como garantia para todos os cidadãos brasileiros, entretanto as classes populares ficavam à margem desse processo.
Uma lei imperial de 1827 determinava a criação de escola de primeiras letras em todas as cidades mais populosas. Porém, a população rural não podia dispor de seu tempo para estudar o que tornava impossível o cumprimento da lei. Fora do circuito rural, em algumas regiões mais desenvolvidas como no Rio de Janeiro, por exemplo, havia um maior desenvolvimento educacional. Mas é evidente que as classes populares que habitavam as cidades mais desenvolvidas não recebiam a mesma educação. O que se observa é que aparece um sistema dualista de ensino já nesse período: a educação de primeiras letras e profissional para as classes populares e um ensino secundário e de nível superior para filhos da burguesia.
A proclamação da República brasileira foi realizada sob promessas de grandes transformações políticas, que, no entanto, não ocorreram imediatamente, manteve-se a estrutura econômica, baseada nos grandes latifúndios e na monocultura. Contudo, uma onda de transformações no sistema capitalista internacional com incremento dos transportes, grande afluxo de mercadorias, e crescimento das cidades impôs ao Brasil um maior estimulo à produção de matérias-primas,[18] acentuado, sobretudo graças à crise de abastecimento gerada pela Primeira Guerra Mundial, que acabou por impor ao Brasil a necessidade de suprir as mercadorias antes importadas.
A educação nesse período é chamada para atender os problemas referentes a esse momento histórico, marcado por forte tendência nacionalista: com propósitos diferenciados, os intelectuais ligados ao campo da educação passam a exigir uma atuação mais sistemática na educação nacional.
Segundo Nagle[19] a década de 1920 foi marcante no que se refere ao desenvolvimento das idéias nacionalistas no Brasil. A nacionalidade, para uns, sobretudo para os intelectuais ligados à burguesia agrária, poderia ser buscada nas origens da formação brasileira, no passado colonial, no desenvolvimento agrário; para outros significava buscar o rompimento com o
passado rural, defendendo a bandeira da industrialização.Os movimentos educacionais foram expressão dessa maior complexificação da sociedade brasileira, havia a concepção de que era preciso reformar a sociedade através da escola, passou-se a olhar para os problemas internos e defender a idéia de que a educação era o principal problema brasileiro. Nagle[20] denominou esses movimentos de: otimismo pedagógico e entusiasmo pela educação:

De um lado (entusiasmo) existe a crença de que, pela multiplicação das Instituições, da disseminação da educação escolar, será possível incorporar grandes camadas da população na senda do progresso nacional (...) de outro lado, existe a crença de que determinadas formulações doutrinárias sobre a escolarização indicam o caminho para a verdadeira formação do novo homem brasileiro (escolanovismo). [21]

Nagle denomina de entusiasmo um movimento que teve início nas Ligas Nacionalistas que procurou combater o analfabetismo investindo na escolarização. O otimismo pedagógico encontrou fundamento no ideário escolanovista, movimento educacional burguês, organizado por intelectuais ligados à emergente classe dos industriais e classes médias urbanas.
Esses intelectuais formularam, em 1932, um documento chamando a atenção da sociedade brasileira para os principais problemas educacionais: o “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932”[22]. Esse documento expressa, emblematicamente, um momento de grande agitação política e educacional dos anos 1930, já iniciado nos anos 1920 pelas reformas educacionais empreendidas pelos estados da federação. O documento redigido por Fernando de Azevedo e assinado por um grupo de intelectuais incorpora, em grande parte os fundamentos e princípios liberais da educação ao defender uma escola pública, universal, laica, obrigatória e gratuita, com acréscimo da defesa da escola única em oposição ao dualismo e da co-educação (para ambos os sexos). Endereçado à sociedade civil e ao governo, tecia duras críticas à educação “tradicional” e às reformas educacionais empreendidas pelos governos anteriores, que eram fragmentadas, sem plano articulado, sem unidade e não conduziam com as mudanças e necessidades modernas.

A divulgação da Pedagogia Nova ocorreu no interior da crescente influência cultural norte-americana sobre o Brasil, principalmente após a Primeira Guerra mundial. Antes da guerra, o Brasil, como vários países com economia baseada na monocultura e na exploração, ficavam suscetíveis ao controle dos banqueiros ingleses que, em troca de financiamentos para as lavouras, mantinham o país sob controle econômico e sujeito ao pagamento de altos juros de uma dívida externa crescente. Após a guerra, com a Inglaterra vencedora, mas cambaleante, os Estados Unidos ocuparam o espaço deixado pelos ingleses no cenário financeiro e mercantil internacional. O Imperialismo americano impôs não só padrões novos de consumo de bens materiais, mas também padrões novos de consumo de bens culturais, que trouxeram ao país as teorias pedagógicas do Movimento da Escola Nova.[23]

Debruçando-se nesse importante documento, é possível verificar que o mesmo corrobora as idéias liberais ao eleger a educação como principal problema nacional. Para os signatários desse documento era necessário que o estado se responsabilizasse pela educação.
O manifesto dos Pioneiros foi considerado pela historiografia como uma das mais importantes fontes já produzidas no Brasil. Apesar de ser produzido em 1932, esse documento foi um reflexo de toda a movimentação política encetada na década de 1920.
Entre os anos de 1930 e 1964, ocorreu um processo de reforma do sistema educacional, esse período foi considerado por muitos como nacionalista ou nacional-desenvolvimentista, referindo-se às bandeiras levantadas pela sociedade civil e política que visavam proteger a produção nacional. Essas décadas foram marcadas por profundas contradições políticas e, no que se refere à política educacional o que ocorreu foram mudanças conjunturais, entre os anos de 1930 e 1937, no plano da educação as reformas foram influenciadas pelos movimentos da década de 1920.
Esse período iniciou-se com o Golpe de 1930, o que significou, na verdade, uma maneira de se resolver a crise econômica mundial e uma luta pela disputa do poder entre burguesia agrária e industrial, as classes médias descontentes, tenentes, funcionários públicos e militares. A “Revolução” não trouxe as mudanças imediatamente. Essas não poderiam se dar apenas com o golpe já que eram mais complexas e dependiam das forças mundiais. O descontentamento com a Revolução provocou vários movimentos, dentre eles o da educação. O Manifesto dos Pioneiros, documento já analisado é um reflexo desse momento.
Além disso, podemos verificar também o combate entre os intelectuais que representavam propostas diferentes para a educação, de um lado encontram-se os escolanovistas de outro os tradicionais ligados À Igreja. Trazendo o espírito de mudanças os intelectuais ligados ao movimento escolanovista começaram a participar ativamente da política educacional e iniciaram reformas em alguns estados mais desenvolvidos, anunciando as modificações na política educacional que vieram a partir da década de 1930. Foi criado em 1924, no Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Educação (ABE), um órgão político com objetivo de concretizar suas aspirações, chamando a atenção da sociedade para os problemas educacionais:

A ABE representou a primeira e mais ampla forma de institucionalizar a discussão dos problemas de escolarização, em âmbito nacional; em torno dela se reuniram as figuras mais expressivas entre os educadores, políticos, intelectuais e jornalistas, e sua ação se desdobrou na programação de cursos, palestra, reuniões, inquéritos, semanas de educação e conferências, especialmente as conferências nacionais de educação. Será por meio dessas iniciativas que a preocupação com os problemas educacionais se alastra e se sistematizam as discussões.[24]

Também foram lá que ocorreram os grandes debates sobre a educação e se apresentaram duas correntes diferenciadas, a dos escolanovistas que defendiam a escola pública, laica, obrigatória e gratuita e a dos “conservadores”, grupo dos católicos que entraram em conflito com a proposta reformista dos princípios liberais. Na verdade, temiam perder o monopólio do ensino confessional e por isso combatiam a interferência do Estado e o ensino laico.
É importante relembrar que a Igreja Católica, por muitos anos, deteve o monopólio do ensino no Brasil, a crítica dos renovadores (escolanovistas) era justamente essa: a “ausência” do estado garantindo a educação universal.
Os estados da federação tinham sob sua responsabilidade o ensino primário, enquanto a União cuidava do ensino secundário e superior, de acordo com Nagle (2001) até esse período poucas modificações foram introduzidas nesses últimos ramos do ensino. Não havia um órgão central mais especializado, responsável por articular o ensino como um todo, o que havia eram os sistemas estaduais sem nenhuma ligação com a central. Mas as reformas começaram a aparecer na década de 1930, resumidamente podemos apontar as seguintes modificações:
- Em 1930 foi criado o Ministério da Educação tendo como ministro Francisco Campos e o Conselho Nacional de Educação (órgão consultivo que fixava diretrizes gerais do ensino).
- Em 1931 foi implantada a Reforma Francisco Campos. Antes o ensino secundário tinha finalidade preparatória para o Superior. A reforma deu organicidade ao ensino secundário que foi dividido em duas etapas: cinco anos com educação geral e dois visando à especialização. Foi alterado também o ensino comercial que passou a ter o curso propedêutico de três anos, cursos técnicos de um a três anos e o curso superior de três anos (administração e finanças). No âmbito do ensino primário a reforma nada afirmava sobre ele. É importante destacar que esses ramos eram de responsabilidade dos Estados e municípios.
- Ainda em 1931 foi criado o Estatuto das Universidades Brasileiras. A única universidade que se organizou segundo as normas foi a Universidade de São Paulo em 1934. Já apresentava a Faculdade de Filosofia, ciências e Letras.
- Em 1935, Anísio Teixeira criou a Universidade do Distrito Federal, possuindo já o Instituto de Educação. Em 1939 ela foi extinta e incorporada à Universidade do Brasil (Universidade do RJ).
- A constituição de 1934 com grande influência dos renovadores (escolanovistas), garantia a educação gratuita como direito de todos e dever do Estado.
O período que entre os anos de 1937 e 1945, foi marcado no plano mundial pela ascensão dos regimes de direita como o Nazismo e o Fascismo e a Segunda Guerra Mundial. A Nova Constituição de 1937 dispensava o sistema representativo, enquadrava os demais poderes no Executivo, acabava com o federalismo, com a pluralidade sindical e ampliava em demasia os poderes centrais. Apesar da simpatia do governo pelo regime de extrema direita como o fascismo e no nazismo, Vargas aderiu aos aliados na Segunda Guerra Mundial, pressionado pelos Estados Unidos da América. Após a vitória destes, os EUA se impõem hegemonicamente no plano mundial ocidental. Observa-se, já nesse período o aumento da penetração dos investimentos americanos no país.
No âmbito da educação podemos verificar que a Constituição de 1937, considerada autoritária, não enfatizava o dever do Estado, como na constituição de 1934 e limitava a matrícula à capacidade didática da escola, estabelecendo a seleção dos alunos por meio de provas. Além disso criou um dualismo no ensino direcionado o ensino profissional para as classes “menos favorecidas”.
Em 1942 foram implantadas as Leis orgânicas de Ensino, chamadas também de Reforma Capanema, ministro de Vargas. Foram instituídas:
· 1942 – Lei Orgânica do Ensino Fundamental;
· 1942 – Lei Orgânica do Ensino Industrial;
· 1942 – Lei Orgânica do Ensino Secundário;
· 1943 – Lei Orgânica do Ensino Comercial.

Segundo essas reformas o ensino profissional teria dois ciclos: fundamental de 4 anos e técnico de 3 a 4 anos. As empresas deveriam manter os seus empregados. Não havia flexibilidade entre os cursos profissionais, ou seja, de profissionais para outro ou para secundário clássico ou para a Universidade. O secundário era dividido em cursos ginasial (4anos) e clássico ou científico (3anos). As mulheres teriam que se educar em estabelecimentos exclusivos. Nessa época foi criado o Serviço Nacional da Indústria – SENAI (1942), organizado e dirigido pela Confederação Nacional da Indústria.
Foram baixados ainda os seguintes decretos:
· 1946 – Lei orgânica do ensino primário;
· Lei orgânica do ensino normal;
· Criação do SENAC;
· 1946 – Lei orgânica do Ensino agrícola.

O ensino primário foi estruturado em duas categorias: fundamental (4 anos de duração para faixa etária de 7 a 12 anos) e supletivo (2 anos de duração para adolescentes e adultos). A declaração de princípios contidos na Lei de ensino primário expressava os ideais escolanovistas, instituindo a obrigatoriedade, a gratuidade e a descentralização. Implementou a planejamento educacional, a previsão de recursos (com a contribuição do Distrito Federal, Estados e Municípios para um fundo comum), planos de construção e aparelhamento escolar, formação do professor e pessoal administrativo.[25]
O ensino normal ficou subdividido em dois ciclos: um com duração de 4 anos – ginasial – e outro com duração de 3 anos. Foram criados também os Institutos de Educação que funcionavam com a estrutura acima descrita, com anexo de um Jardim de Infância e Primário e especialização para professores e administradores escolares. Não havia também flexibilidade, isto é, aqueles que ingressavam no Normal poderiam ingressar apenas a alguns cursos da Faculdade de Filosofia. Não eram admitidos candidatos maiores de 25 anos.
No período que vai de 1945 até 1964 no plano da educação pode-se destacar a promulgação da nova Constituição de 1946 que substituiu a de
1937. nela foi garantido o direito de todos a educação e a instituição da obrigatoriedade e gratuidade para o ensino primário. Obrigou as empresas que tinham mais de 100 funcionários a manter ensino primário gratuito para estes e para seus filhos. Propunha ainda, a descentralização e previa recursos: União – 10%, Estados e Municípios – 20%.
Também no âmbito da educação foi um período em que foram discutidas as propostas que iam fundamentar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei 4024 – encaminhada em 1948 e aprovada somente em 1961. As lutas ideológicas retornaram, opondo os defensores da escola pública e os da particular. Os proprietários das escolas particulares defendiam que o Estado deveria dar igualdade de condições às escolas oficiais e particulares, inclusive na distribuição de verbas.
Como se vê nesse período houveram grandes mudanças implantadas pelo Estado e que visavam atender a uma nova demanda para a educação escolar, resultado da maior complexidade da sociedade brasileira. Contudo, é preciso verificar até que ponto essas reformas puderam modificar concretamente a realidade educacional.
No período posterior a 1964, o Brasil viveu sob Ditadura Militar, que foi a maneira encontrada para resolver as contradições geradas e quebrar a resistência das forças sociais que conclamavam mudanças mais profundas na economia brasileira. O golpe de 1964 significou uma relação ao nacionalismo mais à esquerda. As reformas de base, a nacionalização de empresas estrangeiras, bem como o controle de remessas de lucro, eram propostas reformistas que não interessavam mais a burguesia ligada ao capital internacional, sobretudo, as altas finanças e banqueiros. Essa crise segundo Saviani[26] constitui-se “no centro da crise dos inícios dos anos 1960”.
Discutindo sobre a legislação educacional do período (leis 5540 e 5692) Saviani investiga se houve ruptura em relação ao período anterior e se igualmente podemos observar uma ruptura na política educacional.
A meta de substituições de exportação começou a se r substituída por uma progressiva desnacionalização da economia:

O governo de Juscelino Kubitschek logrou relativa calmaria política dando livre curso às franquias democráticas, graças a um equilíbrio que repousava na seguinte contradição: ao mesmo tempo em que estimulava uma ideologia política nacionalista dando sinal verde para a formação e expressão do nacionalismo desenvolvimentista, no plano econômico levava a cabo a industrialização do país através de uma progressiva desnacionalização da economia. Recorde-se que, por ocasião do 1º e 2º. Governos de transição entre a morte de Getúlio e a posse de Kubitschek, a UDN estava no poder. Café Filho, embora pertencesse ao PSP, tendo em vista que a UDN havia liderado a conspiração, construíra um ministério predominantemente udenista. Foi então que Eugênio Gudin, Ministro da Fazenda, fez baixar a Portaria 113 da SUMOC que concedia grandes vantagens ao capital estrangeiro. Juscelino tendo assumido o governo, não revogou essa portaria.[27]

Isso ocorreu já nos anos 1950 com a penetração do capital norte-americano, e nas próximas décadas essa contradição entre modelo econômico e ideologia vai se agudizar. Isto é, a ideologia nacional desenvolvimentista baseada no modelo de substituições de importações se esgotou. O ajuste às novas necessidades se deu através da força: o golpe. A ruptura, segundo Saviani (1996), ocorreu no plano político, pois a orientação dada desde os anos 1950, com a maior intervenção do capital externo, já havia se dado.
No plano das reformas educacionais, o que mais se destacou foram as reformas universitárias, do ensino médio e do ensino fundamental,
marcados por um extremo tecnicismo pedagógico. Em relação à Lei anterior que regulamentava a educação nacional (Lei 4024 de 1961) as leis que as substituíram, 5540/68 e 5692/71 apresentavam uma tendência ao tecnicismo.[28]
É importante destacar que esse período marcou, sobretudo, o aumento da demanda por educação, pois, a população brasileira até a década de 1960 se concentrava no campo, fato que teve alteração, sobretudo após a década de 1970, como pode ser observado no quadro abaixo:


















INDICADORES DEMOGRÁFICOS E ECONÔMICOS E TAXA DE ALFABETIZAÇÃO ENTRE 1900 E 1970:
Tabela 01
Especificação
1900
1920
1940
1950
1960
1970
População
Total
Densidade
Demográfica
17.483.434

2,06
30.635.605

3,62
41.236.315

4,88
51.944.397

6,14
70.119.071

8,39
94.501.554

11,18
Renda per
Capita em
dólares


55


90


180


__


236


__
% de população urbana


10


16


31


36


46


56
% de analfabetos (de 15 anos e mais)


65,3


69,9


56,2


50,0


39,5


33,1
FONTES: Lourenço Filho, Evolução de Analfabetismo de 1900 a 1960. R.B.E.P, n. 100.
Fundação I.B.G.E. Brasil: Séries Estatísticas Retrospectivas, 1970 apud Romanelli (2000).

A demanda por educação aumentou cada vez mais. Observa-se também, que a taxa de analfabetismo foi diminuindo. Se nas décadas anteriores o Estado preocupava-se em assegurar educação para a classe média agora era população mais pobre que ia fazer parte das estatísticas educacionais.
Esse processo de garantir educação para a população trabalhadora foi iniciado nos países mais desenvolvidos já no início do século XX. Explica-se: as crises econômicas sucessivas, após a Primeira Guerra Mundial, tornaram serviços como: educação e saúde extremamente importantes. O Estado passou a investir nesses setores como forma de aliviar os reflexos da pobreza e conter as tensões sociais ocupando a massa desempregada.[29]
No Brasil foi nos anos de 1970 que passou a haver uma preocupação maior em atender à demanda por educação e a necessidade de se resolver esse problema buscando financiamento. Desta forma se pode entender o acorde entre o Ministério da Educação e Desporto (MEC) e a agency for international developmente (AID), nos anos 1960, o que mostra a necessidade cada vez maior de buscar financiamento no exterior. Nota-se também, a interferência norte-americana na política educacional que pode ser verificada com mais intensidade a partir desses financiamentos.
Em estudo sobre as funções da escola pública contemporânea, Alves[30], defendeu a tese de que devido à crise do capitalismo, sobretudo a partir dos anos 1970, o investimento de percentuais expressivos do orçamento do estado na expansão de escola são realizados para ocupar as pessoas que não conseguem mais se empregar, alimentando o parasitismo. Isto é, para não gerar uma crise maior e conter as tensões provocadas pela falta de perspectivas e pela exclusão o Estado passou a investir na economia e chamou para si a responsabilidade de gerir diretamente as atividades improdutivas.
A partir dos anos de 1980, foi iniciado o processo de democratização da sociedade brasileira. A transição foi negociada pelos setores interessados na volta da democracia, mas sem grandes radicalizações. Por esse motivo ela foi denominada de “abertura lenta, gradual e controlada”.
No plano educacional, houve também, intensas mobilizações que
estimularam a criação de entidades como a Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), o Centro de Estudos de Educação e Sociedade (CEDES), e a Associação Nacional de Docentes em Educação (ANDE). Foram organizados encontros, fóruns para discutir a aplicação de verbas, qualidade do ensino, a ampliação de vagas, a defesa da escola pública e gratuita. Isso veio refletir nas propostas para a Nova Constituição Brasileira, que foi promulgada em 1988 e trouxe avanços significativos na área social e de direitos fundamentais.
No ano de 1996 surgiu o debate sobre uma nova Lei para a Educação que foi promulgada em 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96. É importante frisar que esses avanços só foram possíveis depois de muita luta da sociedade civil organizada.
De fato a sociedade brasileira estava mudando. Como já foi dito anteriormente, nos anos 1970 aumenta-se a demanda por educação.
Segundo Alves[31], há muitos excluídos e o Estado procura sanar os problemas da miséria, ocupando a massa de trabalhadores desempregados e realocando-os nos setores da educação, saúde, serviço público, dentre outros. Além disso, os filhos dos trabalhadores sem perspectivas e ameaçados de serem abandonadas nas ruas, ameaçando o sistema, procuram a escola e lá são assistidos por campanhas de alimentação, saúde e outros similares.
Nessa lógica podem ser compreendidos o programa bolsa escola e outros similares, a escola tem funcionado para atenuar as tensões sociais: a decomposição do conteúdo didático mostra que a escola só tem servido ao parasitismo, empregando e ocupando pessoas que poderiam estar no trabalho produtivo. Além disso, observa-se a preocupação cada vez maior de extensão
do tempo de escolarização bem como o investimento em políticas de reforço alimentar, de atendimento médico, dentista, e bolsa escola como maneiras encontradas de atenuar a miséria da população assistida.
Verifica-se, dessa maneira, que a escola tem funcionado para atenuar as tensões sociais e isso se comprova observando que o que menos importa é o investimento no trabalho didático. Contudo, é preciso reconhecer que essas novas necessidades como extensão do tempo de escolaridade, escola de tempo integral, espaço para lazer e cultura precisa estar nas preocupações do Estado e devem ser desenvolvidas.
No tocante ao Ensino de História, verifica-se também um processo de profundas transformações vividas ao longo do tempo, que podem ser observadas no esquema a seguir:

Síntese do processo histórico, político e econômico brasileiro, a partir do início do século XIX e a compreensão de bom professor, em cada período.
PERÍODO
REGIME POLÍTICO E ECONÔMICO
TENDÊNCIA PEDAGÓGICA DOMINANTE
COMPREENSÃO DO PAPEL DO PROF. (DO BOM PROF.)
ENSINO DE HISTÓRIA
In. Séc. XIX
Monarquia Escravista Mercantil
Ratio Studiorum
-administrador de tarefas.
-treinador de alunos para exames.
-Com base na repetição e com ênfase à necessidade de decorar nomes e datas
Fins Séc. XIX
1ª República Econ. Cafeeira
Esc. Tradicional (Ped. Liberal)
-domínio de conteúdo, rigidez, autoridade, organização.
-mediador entre aluno e modelo
-Utilização de questionários com questões objetivas, sem reflexão.
In. Séc. XX (até dec. 60)
2ª República
Início do processo de industrialização
Esc. Nova
(Ped. Liberal)
-especialista em relações humanas.
-sólida formação técnica-metodológica.
-estimulador da aprendizagem.
-O aluno constrói a História a partir das suas experiências.
Meados do séc. XX
(até dec. 70)
Regime militar
Desenv. Industrial
Esc. Tecnicista
(Ped. Liberal)
Ped. Libertadora (Ped. Progressista)
-boa formação técnica (domínio de técnicas científicas)
-executor de tarefas pré-estabelecidas
-catalisador de informações
-organizador de debates
-formador da consciência política
-Vítima da necessidade de estabelecer ou possibilitar os objetivos operacionais;
Motivar os alunos a participar das discussões.
Fins do séc. XX
(a partir dec. 80)
Transição
Democrática Consol. Capitalismo Industrial
Ped. Hist. Crítica
(Ped. Progressista)

Int. Construtivista
(Ped. Progressista)

Psic. Hist. Cultural
(Ped. Progressista)

P. Epistemológica transdisciplinaridade
(Ped. Progressista)
-sólida formação pedagógica.
-exige esforço do aluno.
-desperta necessidade no aluno.
-relaciona conteúdo e prática social.
-mediador entre aluno e conhecimento.
-interventor circunstancial.
-pesquisador, ensina pela escuta, observação, reflexão.
-trabalha com o aluno, dá informação, corrige, demonstra, diverge.
-pesquisador/investigador de sua prática (reflexão na ação).
-mediador e produtor de conhecimento.
-posição política consciente e crítica.
-competência teórica e prática.
-possibilita formação sólida e duradoura.
-desenvolve habilidades de reflexão e ação transformadora
-Superar todo o processo de construção e promover novas bases de conhecimento que partam da História dos alunos;
-Estimular a pesquisa;
-Promover o conhecimento do aluno enquanto ser histórico, para que o mesmo seja capaz de refletir sua ação e tenha na História uma fonte de busca para promover transformações.








ANÁLISE DA CRISE DO SISTEMA EDUCACIONAL NO CONTEXTO DA PÓS-MODERNIDADE E OS REFLEXOS DA CRISE NA EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SONORA-MS


A conjuntura das políticas educacionais no Brasil ainda demonstra sua centralidade na hegemonia das idéias liberais sobre a sociedade, como reflexo do forte avanço do capital sobre a organização dos trabalhadores na década de 90.
Após a queda da ditadura militar, os próximos governos tiveram de lidar com problemas cada vez maiores como as crises sucessivas do Estado que também não conseguia mais resolver todas as contradições do capitalismo. No campo da educação a burguesia finalmente conseguiu dar início à universalização do ensino, exemplo de que a iniciativa de universalização tem caráter burguês está refletido na intervenção de mecanismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, aliada à subserviência do governo brasileiro à economia mundial, que acabou repercutindo de maneira decisiva sobre a educação.
O aumento da demanda educacional bem como a necessidade de o Estado conter as tensões sociais, fizeram com que nos anos 1990/2000 o Estado investisse na escolarização da população brasileira como demonstrado nos quadros a seguir:



Taxa de analfabetismo

Na última década do século XX – 1991/2000, a taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade caiu de 20,1% para 13,6%.

Confira na tabela abaixo.

Tabela 02

Taxa de analfabetismo de pessoas de 15 anos ou mais de idade no Brasil
1920
33,60%
1980
25,30%
1991
20,10%
2000
18,60%
Fonte: IBGE (2000) http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/


Essa queda continua sendo percebida ao longo dos primeiros anos do século XXI, chegando a 11,8% em 2002. No entanto, apesar dessa redução, o país ainda tem um total de 14,6 milhões de pessoas analfabetas.
Além do mais, a redução na taxa de analfabetismo não foi a mesma nas grandes regiões do país.
Entretanto, os índices são ilusórios em grande medida, pois juntamente com o aumento das taxas de alfabetização, surgiu uma nova categoria que são os analfabetos funcionais, ou seja, a pessoa que possui menos de quatro anos de estudos completos.
Na América Latina, a UNESCO ressalta que o processo de alfabetização só se consolida de fato para as pessoas que completaram a 4ª série. Entre aquelas que não concluíram esse ciclo de ensino, se tem verificado elevadas taxas de volta ao analfabetismo (Boletim: Projecto Principal de Educação en América Latina e el Caribe, 1993).
De acordo com essa definição, em 2002 o Brasil apresentava um total de 32,1 milhões de analfabetos funcionais, o que representava 26% da população de 15 anos ou mais de idade.[32]



Média de anos de estudo

A média de anos de estudo é uma forma de medir a defasagem escolar.
Quando uma pessoa não está cursando a série esperada para sua faixa etária, dizemos que ela está defasada. Por exemplo, uma criança com nove anos de idade deveria estar matriculada na terceira série do nível fundamental e não em uma série anterior.
Em 2002, considerando-se as pessoas com 10 anos ou mais de idade, a população do país tinha uma média de 6,2 anos de estudo. Em comparação a 1992, houve um aumento de 1,3 anos de estudo na média nacional.
Apesar do aumento no número de anos de estudo, ocorrido nos últimos dez anos, a defasagem escolar ainda é grande, um exemplo prático desse problema é o fato de as pessoas de 14 anos de idade que deveriam ter em média 8 anos de estudos, ou seja, terem terminado o ensino fundamental (completado a 8ª série), porém é somente na faixa entre 19 e 24 anos de idade que a média da população alcança 8 anos de estudo.

Taxa de freqüência escolar

O Brasil chegou ao final do século XX com 96,9% das crianças de 7 a 14 anos de idade na escola. Entretanto, em 2002 apenas 36,5% das crianças de zero a seis anos de idade freqüentavam creche ou escola no país. O percentual ainda é menor se levarmos em conta as crianças de zero a 3 anos de idade. Destas, apenas 11,7% estão matriculadas em creche ou escola.[33]
Ainda que a maior parte das crianças brasileiras esteja freqüentando a escola, isso não significa que todos têm acesso a um ensino de qualidade e que consigam galgar aos degraus mais altos da escolarização.
A preocupação com o sistema educacional vem aumentando consideravelmente nos últimos anos[34], segundo dados do IBGE a média de anos de estudo em 1999 entre estudantes de 11 a 14 anos era de 4 anos. De 15
a 17 anos, 5,2 e de 18 a 19 anos 7,3. Dados obtidos do Ministério da Educação (MEC)[35] apontam que 41% dos alunos abandonam as séries iniciais no país. De 100 alunos que ingressam no ensino fundamental, apenas 59 conseguem terminar a oitava série e somente 40 chegam ao final do ensino médio.
Além disso, é possível verificar que muitos que conseguem terminar o ensino fundamental saem da escola sem conseguir interpretar um texto ou escrever adequadamente: é o que podemos denominar de analfabetismo funcional. Sem contar um novo aspecto de analfabeto que tem sido produzido pela sociedade pós-moderna o analfabeto tecnológico. Num mundo cada vez mais informatizado e digitalizado aquele que não domina a tecnologia principalmente no setor da informática está apto a ficar fora do mercado de trabalho. Nesse sentido é interessante questionar se, universalizar o ensino significa somente atender todas as crianças em idade escolar:

Universalizar significa não apenas garantir o acesso, mas também a conclusão. Só acontece isso quando todos não só ingressaram, mas também concluíram. Quando o MEC concluiu que o acesso tinha sido universalizado, decidiu que precisava universalizar a conclusão. Mas como fazer isso sem precisar investir muito? Aí vêm esses mecanismos todos de promoção automática, maquiagem estatística, os ciclos... A questão passa a ser segurar as crianças nas escolas para ostentar índices estatísticos que preencham os critérios do Banco Mundial para se obter financiamento.[36]

Os educadores clamam por mais verba, mas o Estado sinaliza que está esgotado em sua capacidade de promover mais recursos, já que os compromissos assumidos com o FMI desviam grande parte deles..
Em contrapartida, a crise do capitalismo em nível mundial, em especial do pensamento neoliberal, revela, cada vez mais, as contradições e limites da estrutura dominante. A estratégia liberal, reflexo do modelo de sociedade que se propunha a partir do Iluminismo em que o homem necessitava da razão para ter o conhecimento da verdade, resultou na desintegração da humanidade, acentuando o individualismo[37]. Há no momento da pós-modernidade o mesmo tipo de educação Iluminista, o que se considera inconcebível, a manutenção de um processo nascido no contexto da divisão social do trabalho que promoveu a fragmentação do conhecimento. O discurso pós-moderno é o da busca da totalidade – que pode ser alcançado através da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade – pois aquele que possui o conhecimento global da realidade está menos passível a dominação.
A educação deve ser vista como prioridade, apresentando-a como alternativa de “ascensão social” e de “democratização das oportunidades”. A escola continua sendo um espaço com grande potencial de reflexão crítica da realidade, com incidência sobre a cultura das pessoas. O ato educativo contribui na acumulação subjetiva de forças contrárias à dominação, apesar da exclusão social, característica do descaso com as políticas públicas na maioria dos governos.
No que se refere ao município de Sonora, cidade de apenas dezessete anos em que a exemplo de todo o território brasileiro as disparidades são claras e exercem profunda influência, na medida que, como regra do sistema capitalista, há uma minoria dominante nos aspectos econômicos e políticos, manipulando e direcionando os rumos da cidade.
A economia do município é o reflexo da própria montagem do sistema econômico brasileiro, ou seja, vítima de uma agricultura latifundiária, monocultura, concentrada de terras e de renda.
No município de sonora, houve expulsão do trabalhador rural, pequeno proprietário para a instalação da agroindústria canavieira, da soja e para o aumento dos estabelecimentos de pecuária. Ao contrário do que se tem apregoado, a agroindústria promoveu o desenvolvimento econômico do município, mas atrelou aos seus interesses, o que torna tal desenvolvimento excludente e contraditório.
A maioria dos trabalhadores são nordestinos e enfrentam os efeitos da expansão da modernização agrária conservadora, a conseqüência dessa expansão é a acentuada condição de pobreza em que se encontram os imigrantes. No setor da agricultura canavieira, mais especificamente, ocorre a desvalorização e precarização do trabalho com o crescimento do número de bóias-fria. No município de Sonora o desemprego já é uma dura realidade e também pode ser observada a exclusão de um grande número de trabalhadores, ou seja, já são notórios os andarilhos, ou popularmente conhecidos como mendigos.[38]
Uma outra questão a ser levantada é o alto índice de prostituição e alcoolismo existentes, acredita-se que isso ocorre devido ao fluxo de trabalhadores que aqui se alojam.
A fama de que Sonora tem emprego faz com que muitas famílias se sintam estimuladas a migrar para o município, as escolas sentem os reflexos dessa migração, pois com ela aumenta o número de alunos matriculados, que trazem consigo um universo cultural próprio.
Acredita-se que o processo educativo tem que fazer parte da realidade social, que esta tem que ser exposta e questionada, a opção por fazer algumas críticas da realidade educacional em âmbito nacional e local se deve ao fato de que existem profissionais que acreditam que a transformação seja possível, entretanto dentro do sistema dominante a participação e os questionamentos são inviáveis, pois podem produzir posturas de mudanças, o que coloca em risco a ordem estabelecida.
Diante do exposto, em grande parte a teoria e a prática educacional estão distanciadas, pois se o aluno puder desenvolver este senso crítico será capaz de promover mudanças estruturais:
À medida que os alunos vão se apropriando dos conhecimentos que revelam o processo dinâmico da vida, vão compreendendo que as pessoas se encontram em relação dialética com o desenvolvimento de suas forças produtivas, compreendendo as relações sócio-burguesas, como resultado do desenvolvimento sócio-econômico, determinado pelos antagonismos existentes no modo anterior de produzir a vida.[39]

Ressalta-se que o referencial curricular do Estado do Mato Grosso do Sul é o materialismo dialético e a tendência pedagógica se pauta na crítica social dos conteúdos, neste sentido, a proposta estadual está aquém da realidade, pois, como já foi observado nos capítulos anteriores o processo educacional atende as necessidades de cada tempo histórico, sendo assim, o aluno proposto pelo referencial curricular deveria ser o agente de transformação da realidade social, o que não ocorre efetivamente, pois o sistema educacional sonorense, assim como o sistema brasileiro de ensino, se tornaram vítimas dos investimentos de órgãos econômicos internacionais que visam quantidade em detrimento da qualidade, isso significa que, para os privilegiados, o interessante não é formar e sim desinformar.
Outro aspecto relevante na presente análise é a questão da influência dos grupos políticos nos discursos que regem o sistema educacional, exemplo disso são as propostas e referenciais curriculares produzidos pelo governo do Estado de Mato Grosso do Sul, desde o primeiro mandato do atual governador, em 2000. A Secretaria Estadual de Educação lançou 16 cadernos temáticos, destinados aos educadores e educadoras, onde se propunha a construção de uma escola cidadã, com forte tendência marxista de transformação social.[40]

O governo popular, ora instalado em MS, preconiza uma sociedade mais justa e fraterna, pautando suas ações nos interesses da sociedade e não nos do capital.[41]

Esta é uma questão a ser pensada para direcionar um processo de rompimento com o sistema educacional vigente.
Em síntese, a realidade em sala de aula do município de Sonora,
faz parte de um contexto nacional em que a sociedade mundial vive uma crise social, econômica, política e cultural, portanto os paradigmas aqui tratados são realidades da contemporaneidade.




ANÁLISE DOS QUESTIONAMENTOS DESTINADOS AOS DOCENTES DO MUNICÍPIO DE SONORA-MS


Para análise da situação educacional do município de Sonora-MS recorreu-se a autores que tratam da questão em âmbito Estadual e Nacional (já tratado anteriormente) e as entrevistas destinadas a educadores de várias formações.
Foi feito um levantamento do total de professores nas redes Municipal, Estadual e Privada, chegando a um total de 115 profissionais, destes selecionamos 10% para responder as questões referentes ao sistema de ensino da atualidade.[42]
Um dos questionamentos feitos refere-se às dificuldades encontradas pelos professores, os principais itens abordados por todos os entrevistadores foram:
- colocar em prática as novas tendências educacionais;
- o sistema educacional acaba se adequando às regras do sistema capitalista;
- indisciplina;
- superlotação das salas de aula;
- falta de qualificação profissional;
- falta de investimentos;
- falta de responsabilidade dos pais, com reflexo na falta de interesse dos alunos;
- má remuneração docente;
- falta de apoio pedagógico;
- dificuldade em trabalhar a interdisciplinaridade;
- falta de material e recursos.

Ressalta-se que as dificuldades foram apontadas por todos os questionados, o que reforça a questão da contraditoriedade do capitalismo que propagandeia os investimentos e interesse pela educação, entretanto, na concepção dos educadores o sistema de ensino tem gerado contradições tão profundas que o educador não está sabendo trabalhar com elas.
Quando foi pedido que fizessem uma avaliação dos alunos no contexto da pós-modernidade as respostas foram diversas:
As respostas mostraram que 25% dos educadores acreditam que os alunos devem ser preparados para o mundo da competitividade do mercado capitalista, inclusive defendendo essa postura. Em contrapartida, 65% dos entrevistados mostraram visão crítica em relação a preparar o aluno para o mercado de trabalho. Foram posicionamentos críticos que acentuam a idéia de que a educação tem servido para adequar o aluno aos interesses do neoliberalismo o que foi condenado pelos 65% dos entrevistados.
E 10% dos professores ressaltaram ainda que os alunos possuem grande facilidade para acompanhar os avanços da tecnologia (computadores, vídeo games, celulares, entre outros) que muitas vezes, nem mesmo os professores conseguem dominar.
Finalmente, pontua-se aqui, a visão dos entrevistados em relação ao sistema educacional:
- Não acompanha os investimentos tecnológicos;
- Atende ao sistema econômico vigente;
- Retrógrado e atrasado;
- No campo teórico a educação é condizente com a “Era”;
- Apesar de ter evoluído muito, ainda deixa muitos pontos a desejar;
- Existem poucos investimentos.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96 é uma das mais bem formuladas de todas as que já foram produzidas no Brasil. Perguntou-se aos professores se acreditam que a teoria presente na LDB e a prática escolar caminham juntas. Dos entrevistados 70 % acreditam que teoria e prática educacional não caminham juntas e 30 % acreditam que sim.

Foi perguntado aos professores se acreditam que os investimentos feitos em educação são compatíveis com as cobranças feitas pelo governo brasileiro. Sendo que 70% acreditam que não são compatíveis, 20% que sim e 10% dos entrevistados não responderam.
O referencial curricular de Mato Grosso do Sul baseia-se no materialismo dialético, o percentual de professores que concordam com esse referencial foi de 100%
De acordo com o já mencionado referencial curricular, o processo de ensino-aprendizagem deve estar engajado num processo de transformação social, questionou-se os entrevistados se acreditam que esse processo de transformação esteja ocorrendo. Dos entrevistados 50% não acreditam que esteja ocorrendo esse processo de transformação, 40% concordam em partes e 10% acreditam que o processo de transformação está sendo efetivado.

Um outro questionamento feito, refere-se a realidade vivida pelos alunos, e o conteúdo da proposta curricular se ambas estão ou não inseridas na proposta pedagógica do Estado e do Município. 50% disseram que não, 20% que sim e 30% em partes.






TENDÊNCIAS E POSSIBILIDADES PARA A EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO MUNICÍPIO DE SONORA


No início do terceiro milênio, parece, a humanidade toda foi posta na condição de mirar o futuro almejando melhores horizontes, mais justiça e harmonia social, bem como a paz. Esses votos, firmados com honesta convicção, no entanto, vêem-se ameaçados pelos fatos. A humanidade entra no terceiro milênio, talvez, mais próximo do naufrágio na barbárie do que no fim do milênio anterior.[43]

As palavras de Alves são reflexo, em grande medida, das contradições geradas pelo sistema capitalista de produção, contradições essas que nasceram junto com o capitalismo e se acentuaram com o decorrer do tempo, entretanto entender o mundo e o ser humano em particular parece ser a chave da mudança. Ao longo do século XX, foram produzidas inúmeras teorias psicológicas, psicanalíticas, políticas, econômicas, sociais e educacionais na tentativa de se compreender o comportamento do ser humano.
Na cultura pós-moderna, o ambiente primeiro, de formação, passou por profundas transformações, os “modelos” familiares e de valores mudaram, as experiências externas não são as mesmas do início do século XX, nesse contexto, vive-se uma crise escolar que envolve todos aqueles que pertencem ao processo educacional, pois sente-se a aflição de receber no âmbito escolar toda sorte de problemas. Diante disso, faz-se necessário construir uma nova escola, que se paute na valorização do ser humano nas suas várias dimensões (social, política, ética, étnica, econômica e cultural), segundo Sílvio Gallo:
A formação do aluno jamais acontecerá pela assimilação de discursos, mas sim por um processo microssocial em que ele é levado a assumir posturas de liberdade, respeito, responsabilidade, ao mesmo tempo em que percebe essas mesmas práticas nos demais membros que participam deste microcosmo com que se relaciona no cotidiano. Uma aula de qualquer disciplina constitui-se, assim, em parte do processo de formação do aluno, não pelo discurso que o professor possa fazer, mas pelo posicionamento que assume em seu relacionamento com os alunos, pela participação que suscita neles, pelas novas posturas que eles são chamados a assumir. (...)[44]

As idéias de Silvio Gallo são compatíveis com as da autora da presente monografia, pois se acredita que o processo ensino-aprendizagem da escola a ser construída, é aquele em que a educação não fique confinada à sala de aula, pois toda as relações travadas no ambiente escolar vão interferir no processo de construção de sua personalidade.
O momento é de se pensar uma estrutura educacional diferenciada, até porque a de hoje é fruto de um momento histórico onde o que imperava era a idéia da divisão social do trabalho, a educação especializada, compartimentada é fruto do modelo comeniano do século XVI. Mas a educação fragmentada proposta por Comenius tinha em vista a organização das manufaturas, foi para atender essa necessidade que o educador morávio criou a Didáctica Magna..[45]
Os princípios de Comenius, ainda são os que pautam a estrutura escolar, e não satisfazem as necessidades do século XXI.
O modelo familiar não é mais o mesmo, o desenvolvimento emocional da criança não obedece a regras estabelecidas, diante disso, a educação tem entrado em crise ao tentar manter uma estrutura arcaica e superada.
A instituição educacional capaz de atender essas necessidades contemporâneas deve ser original, além de colocar o trabalho didático sustentado sobre a base das novas tecnologias, deve estar apta a incorporar outras funções, decorrentes de necessidades sociais peculiares à época.[46]




















CONSIDERAÇÕES FINAIS


Gilberto Luiz Alves aponta as transformações e permanências vividas no âmbito escolar ao longo do tempo, apontando as condições materiais que se colocaram para universalização da escola enquanto instituição social, o que só ocorreu com maior intensidade a partir do século XIX.
Nota-se que a organização do trabalho didático é histórica, ou seja, acabou atendendo as necessidades dos distintos tempos históricos, exemplo disso é a natureza artesanal da educação num momento em que ainda não vigorava a divisão social do trabalho. Desta forma a responsabilidade de ensinar cabia a um preceptor, que dominava todo o conhecimento e tinha a missão de transmiti-lo a um reduzido número de alunos. Ressalta-se que só as famílias da nobreza e da burguesia podiam contratar o serviço de preceptores.
Esse modelo medieval de educação se viu limitado pelo número cada vez maior de aprendizes, o que impossibilitava o preceptor de dividir seu tempo entre os jovens aprendizes.
A escola moderna viu nascer a divisão do trabalho voltada para a atividade do ensino, reflexos da produção manufatureira que necessitava de uma divisão do trabalho.
Essas transformações se fizeram sentir na área da educação, provocando a compartimentação do ensino e a conseqüente substituição do preceptor (erudito) pelo professor especializado, responsável por uma única matéria.
O século XVII viu nascer o manual didático criado por Comenius, que tinha como preocupação “ensinar tudo a todos”. Note-se que, vivia-se naquele período uma fase de transição da sociedade feudal para a capitalista, marcada pela impossibilidade da família assumir a responsabilidade pela educação dos filhos, esta responsabilidade passou para uma instituição social especializada (escola).
O manual de Comenius viabilizou o barateamento dos serviços escolares, provocando a superação dos mestres da educação medieval. É necessário levar em conta que o manual didático do século XVII, continua a ser o recurso utilizado ainda no século XXI, momento histórico em que os recursos tecnológicos mais eficazes estão à disposição do homem.
No século XVIII, as diferenças naturais do modo de produção capitalista, aprofundaram as diferenças entre os detentores dos meios de produção e aqueles que asseguravam a existência vendendo a força de trabalho. Surgiu dessa divisão a repercussão de propostas educacionais diferenciadas para os diferentes grupos sociais. Essa tendência foi defendida por Pestalozzi, Basedow, Filangiere e Herbart, o que provocou o surgimento de uma educação profissionalizante para os filhos dos trabalhadores e uma
educação humanístico-científica para os filhos dos dirigentes da sociedade, essa era a escola burguesa de caráter dualista.
Entretanto, o modelo dualista foi duramente criticado o que levou a substituição dessa “escola tradicional” por uma “escola única”, que postulava a necessidade de ser produzida uma instituição escolar única, que deveria integrar em seu currículo a educação profissional e a formação humanístico científica.
O século XIX foi marcado pelas lutas dos educadores que erguiam bandeiras de obrigatoriedade e gratuidade escolar, que normalmente eram ignoradas. O alargamento da escola pública para todos só foi possível a partir do momento que as nações assumiram políticas educacionais consistentes, mais precisamente a partir da década de 1870.
Porém, a luta pela universalização do ensino público permeou todo o século XX, basta observar as taxas de escolarização dos países da América Latina, da Ásia e da África.
Destaca-se em nas análises as interpretações defendidas por Alves acerca da necessidade de uma educação de tempo integral, dotada de instrumentos que estimulem a criança e o jovem e lhes assegurem meios de superar suas necessidades, este é o desafio dos educadores do século XXI.
No que se refere às políticas educacionais contemporâneas, o momento atual é de quebra dos modelos, dos paradigmas. Estudiosos do sistema educacional debruçam-se em análises acerca da contemporaneidade educacional e o que se pode concluir com base nos estudos de alguns desses teóricos é que a instituição escolar contemporânea vem passando por um processo de decadência.
Criam-se leis, formulam-se estudos e as dificuldades além de permanecerem se acentuam, perceba-se que o modelo comeniano não atende mais as necessidades vividas por alunos e educadores do século XXI.
O discurso pós-estruturalista defende que os educadores da atualidade ao invés de soluções criaram “chavões”, tais como, o da necessidade do trabalho interdisciplinar sem, no entanto, promoverem, (até mesmo por falta de uma organização de âmbito nacional), a interdisciplinaridade no espaço escolar. O que acaba por nos remeter à análise de que o modelo educacional calcado em padrões criados para resolver os problemas do período posterior ao século XVI foi excelente para aquele momento histórico, entretanto o momento vivido é de aceleração temporal, de inovações tecnológicas, sustentados em modelos tão recentes que ainda não somos capazes de defini-los, mas é necessário teorizar acerca deles, pois a educação do século XXI tem que atender as necessidades de seu tempo para que não ocorra o risco de afundar num total e irreversível fracasso.
Através desse prisma de que o sistema educacional é fruto de um processo de construção histórico é que se assenta o presente estudo, que buscou situar a formação educacional em Sonora dentro do contexto acima mencionado, ou seja, fez-se uma retomada do processo educacional no Brasil até a década de 1970, tratando das questões colocadas em nível nacional quando se construiu a primeira escola.
Entende-se que a realidade não é fragmentada, mas sim fruto de um processo de construção global, e que tudo o que se processa na estrutura educacional contemporânea afeta a realidade dos educadores sonorenses. Vive-se uma fase em que se torna necessário colocar o trabalho didático sustentado sobre a base das novas tecnologias, incorporando a ele outras funções, decorrentes de necessidades sociais peculiares à época.
As pesquisadoras acreditam em um processo de transformação até mesmo porque “(...) a humanidade só se propõe as tarefas que pode resolver, pois, se considera atentamente, se chagará à conclusão de que a própria tarefa só aparece onde as condições materiais de sua solução já existem, ou, pelo menos, são captadas no processo de seu dever.”











REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


ALVES, Gilberto Luiz. Tendências da Educação no Início do Terceiro Milênio. Palestra apresentada na abertura do Congresso Brasileiro de Educação de Jovens e Adultos, realizado entre 24 e 26 de outubro de 2001 na cidade de Florianópolis.

_____________________. Escola Moderna e organização do trabalho didático até o início do século XIX (A transição do ensino individual para o ensino de classe) in: Anais: II Congresso Brasileiro de História da Educação, Natal, Rn, Sociedade Brasileira de História da Educação; Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 3 a 6. nov. 2002. CD-Rom do evento.

______________________.A Produção da Escola Pública Contemporânea. Campo Grande, MS: Editora UFMS; Campinas, SP: autores Associados, 2001, p. 86-9. A estrutura temporal que seguimos foi fruto de estudos de textos e livro do referido autor.

________________________. Origens da Escola Moderna no Brasil: a contribuição jesuítica. In: V Seminário Nacional de estudos e Pesquisas “História, Sociedade e Educação no Brasil”, 1, 2001, Campinal, SP. Anais... Campinas, SP: Graf. FÉ, 2001.

ARISTÓTELES. Política. Citado em: Gustavo de Freitas. 900 textos e documentos de história. Lisboa, Plátamo, v. 1, p. 70.

COMÉNIO, João Amós. Didáctica Magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 2. ed. Trad. De Joaquim Ferreira Gomes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1976. p. 136.

GALLO, Silvio. Transversalidade e educação: pensando uma educação não disciplinar. In: ALVES, Nilda & GARCIA, Regina Leite (org.) O Sentido da Escola. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 20.

FEITOSA, Beatriz dos Santos de Oliveira. Pequena Introdução ao Estudo Sobre o Desenvolvimento Econômico de Sonora – MS. Monografia do curso de Graduação com Licenciatura Plena em História. UFMT – 2002.

GHIRALDELLI Jr., Paulo. História da Educação. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1991.

KRUPPA, Sonia M. Portella. Sociologia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994. p. 68.

MARX, Karl. Para a crítica da economia política; Salário, preço e lucro; O rendimento e suas fontes: a economia vulgar. Intr. De Jacob Gorender e trad. de Edgard Malagodi et al. São Paulo: Abril Cultural, 1982, p. 26 (Os economistas).

NAGLE, Jorge. Educação e Sociedade na Primeira República. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. p. 131 a 169.

PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. Trad. José Severo de Camargo Pereira. São Paulo: Editora Fulgor, 1963. p. 132-41.

PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. 43. ed. São Paulo: Brasiliense, 1998.

RIBEIRO, Darcy. O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

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REFERÊNCIA DE SITES

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SAVIANI. “Domínios, dominadores e dominados. In: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp hoje/ju/outubro2002/unihoje ju194 pag05.html
















[1] * Ponce, Aníbal. “Educação e Luta de Classes”. Trad. de José Severo de Camargo Pereira. São Paulo: Cortez, 17 ed, 2000. Neste livro PONCE mostra de que forma a educação foi estruturada entre as comunidades primitivas, passando pela antiguidade, a medievalidade até chegar ao conceito burguês, onde a educação, segundo ele, acabou servindo aos interesses do modo de produção capitalista, fruto da organização do Estado burguês.

[2] KRUPPA, Sônia M. Portella. “Sociologia da Educação”. São Paulo:Cortez, 1994. p. 68.
[3] ALVES, Gilberto Luiz. “A Produção da Escola Pública Contemporânea”. Campo Grande – MS: editores associados, 2. ed., 2004.
[4] ALVES, Gilberto Luiz. Op. Cit. P. 32 e 33.
[5] Id. IBID, op. Cit. P. 40.
[6] PONCE, Aníbal. Op. Cit.
[7] PONCE, Aníbal. Op. Cit.
[8] PONCE, Aníbal. Op. Cit. P. 18-19
[9] PONCE. Idem. P.22.
[10] ARISTÓTELES. “Política”. Citado em Gustavo de Freitas “900 textos e documentos de história”. Lisboa. Plátamo.v.1.p.70.
[11] PONCE, Aníbal. Op. Cit. P. 94.
[12] ´E notório que o processo educacional no contexto histórico do século XVI, traz intrínseco o interesse capitalista, ou seja, era necessário adequar o índio ao trabalho sistematizado, e a educação nos moldes da cultura européia foi o veículo dessa adequação.
[13] RIBEIRO, Darcy. “O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil”. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
[14] Ressalta-se o movimento de contra-reforma, que soou no contexto de desestruturação vivido pela igreja católica, como uma forma de retomara o poder que esta instituição vinha perdendo até então, as missões jesuíticas enviadas ao continente americano e mais especificamente ao Brasil tinham o objetivo de ampliar o campo de atuação e domínio da igreja católica.
[15] ALVES, Gilberto Luiz. “Origens da Escola Moderna no Brasil: a contribuição jesuítica. In: V Seminário Nacional de estudo e Pesquisas. “História, Socieadade e Educação no Brasil”, v. 1, 2001, Campinas,-SP:Anais de Campinas, SP: Graf. FE, 2001.
[16] PRADO Jr., Caio. “História Econômica do Brasil”. 43. ed. São Paulo: brasiliense, 1998. Prado Jr. Faz uma louvável análise do processo de formação brasileira , utilizando um viés econômico muito bem vindo para qualquer pessoa que se dedique ao estudo da sociedade brasileira.
[17] ALVES, Gilberto Luiz. Op. Cit.
[18] ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. “História da Educação no Brasil”. 24. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 47 a 125. A autora ressalta neste livro a existência de uma pequena burguesia, em si mesma heterogênea uma camada média de intelectuais letrados ou padres, os militares em franco prestígio, uma burguesia industrial, ensaiando seus primeiros passos, e todo um contingente de imigrantes que, na zona urbana, se ocupavam de profissões que definiam classes médias e, na cona rural, se ocupavam da lavoura.

[19] NAGLE, Jorge. “Educação e Sociedade na Primeira República”. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. p. 131 a 169.

[20] NAGLE, Jorge. Op. Cit.
[21] NAGLE, Jorge. Op. Cit
[22] O manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – Anexo 01. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb07a.htm.Acessado em 20/01/2005

[23] GUIRALDELLI Jr. Paulo. “História da Educação”. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
[24] * NAGLE, Jorge. Op. Cit.

[25] ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. Op. Cit. P. 161.
[26] SAVIANI, Dermeval. “Educação: do senso comum à consciência filosófica. 12. ed. Campinas: Autores associados, 1996”.

[27] SAVIANI, Dermeval. Op. Cit. P. 154.
[28] Idem. P. 161-162
[29] ALVES, Gilberto Luiz. “A Produção da Escola Pública Contemporânea”. Campinas: Autores Associados, 2001.
[30] ALVES, Gilberto Luiz. Op. Cit.

[31] ALVES, Gilberto Luiz. Op. Cit.
[32] Informações disponíveis no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em: http://www.ibge.gov.br
[33] Fonte: Síntese de Indicadores Sociais- 2003.
[34] As propagandas veiculadas pela televisão, mostram uma preocupação crescente dos órgãos públicos com a questão educacional, algumas delas promovem o incentivo da leitura e outras mostram a questão dos investimentos no setor educacional (FUNDEB), que tem como meta permitir aos jovens que concluíram o ensino fundamental a possibilidade de concluírem ainda o ensino médio. A nosso ver as iniciativas são bem vindas, entretanto, o ensino universalizante proposto ainda está longe de ser atingido.

[35] http://www.mec.gov.br
[36] SAVIANI. “Domínios, dominadores e dominados In: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp hoje/ju/outubro2002/unihoje ju194pag05.html
[37] * Esta idéia é referente ao texto do professor Ms. Odemar Leotti (Universidade Federal do Mato Grosso).
“Questões que a Razão Precisa Responder aos Sentidos”.

[38] FEITOSA, Beatriz dos Santos de Oliveira Feitosa. “Pequena Introdução ao Estudo Sobre o Desenvolvimento Econômico de Sonora – MS”. Monografia do curso de Graduação com Licenciatura Plena em História. UFMT – Rondonópolis/MT.

[39] Referencial Curricular – MS – 2004. Ciência Humana.
[40] Caderno n. 01 – Educação de Jovens e Adultos;
Caderno n. 02 –
Caderno n. 03 – Educação Ambiental;
Caderno n. 04 – Assessoria Técnica Escolar;
Caderno n. 05 – Educação e Tecnologia;
Caderno n. 06 – Portadores de Necessidades Especiais;
Caderno n. 07 – Educação Básica no Campo;
Caderno n. 08 – Função Social da Escola;
Caderno n. 09 – Ensino Noturno;
Caderno n. 10 – Violência, Ética e Cidadania;
Caderno n. 11 – Gestão Democrática;
Caderno n. 12 – Financiamento da Escola Pública e Estrutura Física da Escola;
Caderno n. 13 – Formação Continuada;
Caderno n. 14 – Grêmio Estudantil;
Caderno n. 15 – Fundamentos do Currículo;
Caderno n. 16 – Os trabalhadores da Educação.

[41] Caderno Temático da Constituinte Escolar. “Assessoria Técnica Escolar” n. 04. p. 05. 2000.
[42] Em anexo foi transcrito uma das entrevistas, por se julgar bastante elucidativa das questões trabalhadas
[43] ALVES, Gilberto Luiz. “Tendências da Educação no Início do Terceiro Milênio”. Palestra apresentada na abertura do Congresso Brasileiro de Educação de Jovens e Adultos, realizado entre 24 e 26 de outubro de 2001 na cidade de Florianópolis.
[44] GALLO, Silvio. “Transversalidade e educação: pensando uma educação não disciplinar”. In: ALVES, Nilda & GARCIA, Regina Leite (org.) O Sentido da Escola. 3. ed. Rio de janeiro: DP&A, 2002. p. 20.

[45] COMÉNIO, João Amós. “Didática Magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a todos. 2. ed. Trad. de Joaquim Ferreira Gomes. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1976. p. 136.

[46] ALVES, Gilberto Luiz. Op. Cit.