segunda-feira, 5 de novembro de 2007

VALORIZANDO A DIVERSIDADE: Projeto Interdisciplinar de Ensino
















ESCOLA ESTADUAL COMANDANTE MAURÍCIO COUTINHO DUTRA











VALORIZANDO A DIVERSIDADE: Projeto Interdisciplinar de Ensino





Beatriz S. Oliveira Feitosa
José Américo Sartoratto
Maria Auxiliadora S. F. Rodrigues
Mariza Marques
















Sonora/MS – 2007








1) TEMA


O presente projeto, por ser interdisciplinar, insere-se em vários campos do conhecimento científico (Biologia, História, Matemática e Literatura), a partir dessas áreas diversas áreas montou-se uma proposta de tema que contemplasse a formação da cidadania, que a nosso ver passa necessariamente pelo respeito em relação ao diverso e ao diferente, que a nosso ver tem relação muito profunda com a própria concepção de escola.











2) OBJETO



Valorizar a Diversidade é o objeto que será encaminhado pelos mais diferentes campos do saber








3) OBJETIVOS


GERAIS:
A partir do conhecimento, trabalhar na luta contra o preconceito, a discriminação e o racismo. Trabalhar com pesquisa e desenvolvimento de atividades que somadas serão tema de uma apresentação dos alunos da 3ª. Série do Ensino Médio aos demais alunos do mesmo nível de ensino.


ESPECÍFICOS:
Biologia:
- Trabalhar com a questão fenotípica do ser humano considerando as diferenças externas ao nosso organismo;
- Pontuar a questão do Projeto Genoma desenvolvido no ano de 2007, e que foi um de grande contribuição na lutar contra o racismo, ao comprovar do ponto de vista científico que não existem raças na espécie humana e que as diferenças mais relevantes estão na parte externa do organismo humano;
- Possibilitar o desenvolvimento da pesquisa no campo da Biologia.

História:
- Atender ás exigências da Lei 10.639 de 2003[1], que trata da obrigatoriedade do ensino de História da África e dos afro-brasileiros.
- Atender uma necessidade do próprio sujeito histórico ou seja, tornar possível que os alunos sejam protagonistas de sua própria História, buscando informações relevantes que os façam se ver enquanto tais;
- Possibilitar que os alunos trabalhem com pesquisa e exposição das mesmas.

Literatura:
- Além da questão pertinente à referida lei, pretende-se:
- Trabalhar com expressões artístico-literárias que dizem respeito à produção de poesias e reprodução de música, que insiram a temática sugerida;
- Possibilitar ao aluno que desenvolva gosto pela produção literária e poética, mais que isso, pela sua própria produção literária e poética.

Matemática:
- A partir da pesquisa de campo desenvolvida na área de Biologia, os alunos deverão produzir gráficos e tabelas, utilizando os recursos matemáticos e tecnológicos.








4) JUSTIFICATIVAS


Numa sociedade marcada historicamente pela submissão, exclusão e mais recentemente, pela inserção de forma rebaixada dos afro-descendentes é imprescindível que a escola e os educadores assumam uma postura de mudança e não de permanência da estrutura excludente construída ao longo dos 507 anos sob domínio da cultura européia em detrimento das demais que aqui se conglomeraram e se inter-relacionaram. Segundo a assistente social Karina da Silva Pinto até que os negros contem suas própria histórias, a história sempre irá favorecer o branco[2].

Refletir sobre a afirmação de enquanto o negro não pode contar sua história é sobre a égide do branco que se reproduz, não se remete apenas àquela lecionada na escola. Para além dela, também engloba a transmitida culturalmente. Não que pretendo ser maniqueísta nessa sentença, entretanto existem muitos ingredientes para desacreditar na hipótese que a omissão e o desprezo à tradição negra sejam apenas pequenos equívocos, lapsos de memórias.
O racismo impregna a trama social que, além de acarretar as distâncias sociais entre negros e brancos, tem provocado à percepção de que esse fosso é natural, portanto, a-histórico. Nos pequenos atos cotidianos, reproduzimos frases, práticas sociais, emissão de sentenças, de modo quase indiferente, que na verdade são clivados por valores morais construídos socialmente, portanto aprendidos.
Nascemos brancos, negros, indígenas e etc., biologicamente a cor não pode ser mudada, mesmo com os avanços tecnológicos na área da estética e beleza ainda são incapazes de alterar carga genética. [3]
Diante da problemática dos esquecimentos no processo de construção da História oficial, foi que como educadores não coniventes com essa problemática optamos por trabalhar com alunos da 2ª. Série do Ensino Médio e disponibilizarmos aulas, recursos e apoio na construção de um modelo não apenas educacional, mas histórico que prime pela valorização da diversidade.






5) HIPÓTESES
Acreditamos que a luta pela preconceito caminha em paralelo com a formação educacional e o desenvolvimento da cidadania.



6) METODOLOGIA
Orientação para a realização de:
- Entrevistas que detecte as características fenotípicas dos alunos da Escola Estadual Comandante Maurício Coutinho Dutra;
- Desenvolvimento de seminários;
- Produção de poesias e poemas, bem como a reprodução de músicas;
- Criação de gráficos e tabelas.









7) ANEXOS

Anexo 01- Texto da lei aprovada em 2003

Presidência da RepúblicaCasa CivilSubchefia para Assuntos Jurídicos
LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.
Mensagem de veto
Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.
§ 3o (VETADO)"
"Art. 79-A. (VETADO)"
"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’."
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVACristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 10.1.2003

Anexo 02: Parte do Blog disponível na internet beatrizfeitosa.blogspot.com
Terceira Série do Ensino Médio em Fotos para o Projeto "Valorizando a Diversidade".


Fotos dos alunos da Terceira Série do Ensino Médio, para o projeto "Valorizando a Diversidade", desenvolvido sob orientação das professoras Beatriz (HIS), Dora (BIO), Mariza (LIT) e professor José Américo (MAT).As fotos retratam alguns momentos em sala de aula e algumas poses do grupo que em breve deverá trilhar caminhos diversos.O objetivo maior do projeto é trabalhar com conteúdos de disciplinas específicas, procurando relacioná-los com os temas "Brasil e África" de forma interdisciplinar, além de produção de atividades culturais que serão apresentadas no "Dia da Consciência Negra". O trabalho com essa proposta de valorização da diversidade, passa pelo propósito de ampliar o acesso ao conhecimento, base da luta contra o preconceito a discriminação e o racismo.
Levar o aluno a se ver como protagonista da história, permitir que perceba as raízes dessa sociedade excludente e desigual, pode ser um dos caminhos para a transformação.















9) BIBLIOGRAFIA
1- CUNHA, Pedro. & Vaz, Esther (orgs.).Desafios contemporâneos e trabalho social. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa, 2003
2- DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. Trad. Nuno Garcia Lopes. Lisboa: Edições 70, 2001
3- FREIRE, Paulo. Cartas a Guine-Bissau: registros de uma experiência em processo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978
4- GADOTTI, Moacir. Escola cidadã. 10ª ed. São Paulo: Cortez, 2004
5- OSÓRIO, Luís C. Adolescente hoje. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992
6 - SEVERINO, António J. Educação, trabalho e cidadania: a educação brasileira e o desafio da formação humana no atual cenário histórico. São Paulo em Perspectiva 14(2), 2000. Disponível em://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200010&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 11, out. 2005.
7- SILVA, A. J. da. Pedagogia crítica e contra-educação. Coimbra: Quarteto, 2002





[1] Lei em anexo.
[2] Disponível em: http://www.dialogoscontraoracismo.org.br
[3] PINTO, Karina Silva. Site citado.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Terceira Série "C" - Ensino Médio

CAPITAL
As leis estão perdidas!
Os direitos estão perdidos!
Pois as leis só são cumpridas
Pelos fracos e oprimidos
Hoje o mundo gira em torno do capital
Quem o possui dita as leis
Roubam, matam e mesmo estando errados
Dificilmente são condenados.
Quem não domina o capital
Quase sempre se dá mal
Porque mesmo que seja ouvido
Dificilmente é absolvido.
Queria ter muito capital
Mas, não para dominar o mundo
Só queria mostrar a todos
o que é REVOLUÇÃO.
Aluno: Joelson

Terceira Série "B" - Ensino Médio

Segunda Série "D"

SETE DE SETEMBRO
Dia 7 de setembro uma data
Vou lembrar, o dia em que o Brasil
Se tornou independente
Segundo a História oficial
Dom Pedro teve um papel fundamental
conquistou o que o Brasil sempre precisou.
Eis que por causa de carta pessoal
que aconselhava Dom Pedro
a romper com Portugal.
Diante do impasse dizem que gritou:
"Independência ou morte"
e no 7 de setembro o Brasil o rompimento com Portugal alcançou
Alunas: Bruna, Henriette, Tânia e Tihalyta.

Segunda Série "B"

Atividades desenvolvidas a partir da sugestão de temas para realização de seminários, as produções aqui publicadas são o ponto de vista dos alunos acerca das questões, o que não significa que seja em todos os casos a minha opinião sobre o assunto. Mesmo assim, considero fértil todas as produções, em maior ou menor medida podem contribuir para a valorização da História enquanto área de grande importância do conhecimento científico.

PARÓDIA DA CANÇÃO APARPA DOS CANTORES THÚLIO E TIAGO
TEMPOS DE REVOLTA
Começou em Minas Gerais
Minas Gerais
Com a chegada de um governador
governador
Conhecido como Luís Antônio
Luís Antônio
Que lançou o primeiro derramamento
derramamento
Por causa de uma dívida de ouro
dívida de ouro
Depois passou por uma revolta
uma revolta
Conhecida como Inconfidência Mineira
Inconfidência Mineira.
Alunos: Jéssica Almeida, Juliana Ferreira, Milenna Gomes e Tiago Justino.
REVOLUÇÃO NA AMÉRICA
Que Revolução é essa mano
Que o povo tá lutando
Que vem da Europa pra cá
Foram idéias diferentes
Que matou muita gente
Fez Napoleão chegar
Foi uma mistura de horror
Violência e pavor
Com esse povo explorado
Lá na Améria tá rolando
E o povo tá lutando
E o índio é escravizado
Tá, tá, tá arrastando toda massa
Tá, tá, tá acabou com muitas raças
Tá, tá, tá o rei foi derrubado
E na Europa Napoleão foi derrotado.
Alunos: David, Jamerson, José A., Marcelo e Maukon.
A ERA NAPOLOÔNICA
Agosto, nasce um menino
que se chamava Napoleão,
apesar de ser baixinho, tímido e falar mal o francês,
agia com rapidez
mesmo desprezado
não ficou arrazado
em um período conturbado
Napoleão compôs seu reinado
com um golpe militar
se tornou imperador francês.
Com seu exército integrado
os problemas foram solucionados.
Em suas batalhas vencedor,
por onde passava a história local marcava
mas não se contentou e acabou
perdedor.
Deixado em uma ilha
derrotado
em fim exilado
mais tarde
morto
enterrado.
Alunos: Driele, Leandro, Ozana e Vanessa.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Terceira Série "A" - Ensino Médio

As atividades culturais produzidas por esta turma tratam da questão da História da África e dos Afro-brasileiros, e serão apresentadas aos demais alunos do Ensino Médio no "Dia da Consciência Negra", 20/11.

Segunda Série "A" - Ensino Médio

ASCENSÃO E QUEDA DO
IMPÉRIO NAPOLEÔNICO


Depois de um golpe militar Napoleão assumiu a liderança
Tomou o poder da França
E seu objetivo tentou alcançar.


Logo após foi consulado,
E então foi proclamado
Tornou-se imperador
E em suas guerras foi um grande vencedor.


Governou de forma ditatorial
Para tornar a França a maior potência mundial
Colocou grande parte da Europa em guerra
Faltando apenas a Inglaterra.


A Inglaterra por ser o principal oponente francês
Teve o fechamento dos portos ao comércio inglês
Foi o Bloqueio Continental
E no mesmo ano Napoleão invadiu Portugal.


Com uma constituição baseada no modo inglês
A alta burguesia se apoderou sobre o francês
Eliminando o povo de qualquer participação
Com os fracassos militares de Napoleão.


Com suas conquistas
Restabeleceu estabilidades políticas
Extinguiu vários governos absolutos
Conseguiu várias vitórias
Que marcaram nossa História.


Alunos do Segundo Ano "A": Renata, Jéssica, Andrei, Andresa e Maria Rafaela.



AMÉRICA ESPANHOLA

O absolutismo e as práticas mercantilistas
acabaram com a Europa Ocidental
era o anúncio de um novo tempo
caracterizado pela produção industrial.

Livre comércio e igualdade de direitos
não tardariam a se espalhar
na américa e em todo o mundo
em 1776 começaram a falar.

Para combater os limites impostos
pela metrópole, para a economia colonial
inspirou-se nos princípios iluministas
a elite local.

A economia tinha como base,
a exportação de produtos agrícolas tropicais,
como o açúcar e o fumo e
e exploração das riquezas minerais.

Alunas do Segundo Ano "A": Aline Alves, Aline Martina, Eliete Moura e Sabrina Franciele.

Primeira Série "F" - Ensino Médio

Ainda não desenvolveram as atividades

Primeira Série "C" - Ensino Médio

Esta turma ainda não iniciou o desenvolvimento das atividades.

Primeira Série "B" - Ensino Médio




O RENASCIMENTO


O período considerado moderno...
tem o esplendor das artes!!!
O período de belas pinturas...
e mulheres de grande formosua.
E aí vem Leonardo um dos pintores mais lembrado.
Tem o trecento, o quattrocento e o cinquecento.
É o Renascimento.
Escreviam poemas em toscano
do qual surgira o italiano
Com o desenvolvimento do conhecimento
entra o Renascimento.
O Renascimento foi um movimento de ampla repercussão
e na Península Itálica
alcançou sua maior expressão.

1º "B": Adalberto, Débora e Ellen.

Primeira Série "A" - Ensino Médio

PRIMEIRA SÉRIE "A" - ENSINO MÉDIO

No momento ainda não temos nenhuma atividade dessa turma.

Terceira Série do Ensino Médio em Fotos para o Projeto "Valorizando a Diversidade".




Levar o aluno a se ver como protagonista da história, permitir que perceba as raízes dessa sociedade excludente e desigual, pode ser um dos caminhos para a transformação.












"Terceirão" posando pra foto.


Alunos da terceira Série do Ensino Médio, na praça Sonora.
Olhando assim, paradinhos e de longe parecem uns anjos. heheheh. E são!

terça-feira, 9 de outubro de 2007




Confraternização entre os alunos, professores e equipe de coordenação do Cursinho Pré-Vestibular "Novos Rumos II".

Alunos do Cursinho Pré Vestibular "Novos Rumos II"



Foto da abertura do Cursinho Pré Vestibular "Novos Rumos". Fruto da ação do Movimento Negro de Rondonópolis, juntamento com outros segmentos sociais, ligados especialmente à categoria docente, que pensam o conhecimento para além do crescimento individual.

Trabalhadores do Corte de Cana



Contrariando a velha ideologia que diz que quem acumulou riquezas o fez graças ao seu trabalho. Provavelmente esse trabalhador jamais se tornará um latifundiário, no entanto, desempenha uma das funções que mais trabalho humano emprega. Nesta imagem o trabalhador chega a ser confundido com a paisagem na qual desenvolve a atividade que lhe garante uma subsistência de privações se comparada ao latifundiário dono da terra, que vive dos lucros que seu trabalho proporciona.

Atividades Culturais Produzidas a Partir do Desenvolvimento de Seminários na Disciplina de História

As atividades a seguir são fruto de um esforço de alunos das várias turmas do Ensino Médio da Escola Estadual Comandante Maurício Coutinho Dutra, esforço esse que aliado a necessidade de estudar para um tema específico, da disciplina de História, contribuiu para o desenvolvimento de atividades culturais com amplas propostas de interpretação. Aos alunos poetas, músicos e etc., registro meus parabéns.



O RENASCIMENTO

O período considerado moderno...

tem o esplendor das artes!!!

O período de belas pinturas...

e mulheres de grande formosua.

E aí vem Leonardo um dos pintores mais lembrado.

Tem o trecento, o quattrocento e o cinquecento.

É o Renascimento.

Escreviam poemas em toscano

do qual surgira o italiano

Com o desenvolvimento do conhecimento

entra o Renascimento.

O Renascimento foi um movimento de ampla repercussão

e na Península Itálica

alcançou sua maior expressão.


1º Ano "B": Adalberto, Débora e Ellen.






ASCENSÃO E QUEDA DO

IMPÉRIO NAPOLEÔNICO


Depois de um golpe militar
Napoleão assumiu a liderança

Tomou o poder da França

E seu objetivo tentou alcançar.


Logo após foi consulado,

E então foi proclamado

Tornou-se imperador

E em suas guerras foi um grande vencedor.


Governou de forma ditatorial

Para tornar a França a maior potência mundial

Colocou grande parte da Europa em guerra

Faltando apenas a Inglaterra.


A Inglaterra por ser o principal oponente francês

Teve o fechamento dos portos ao comércio inglês

Foi o Bloqueio Continental

E no mesmo ano Napoleão invadiu Portugal.


Com uma constituição baseada no modo inglês

A alta burguesia se apoderou sobre o francês

Eliminando o povo de qualquer participação

Com os fracassos militares de Napoleão.


Com suas conquistas

Restabeleceu estabilidades políticas

Extinguiu vários governos absolutos

Conseguiu várias vitórias

Que marcaram nossa História.


Alunos do Segundo Ano "A": Renata, Jéssica, Andrei, Andresa e Maria Rafaela.




AMÉRICA ESPANHOLA


O absolutismo e as práticas mercantilistas

acabaram com a Europa Ocidental

era o anúncio de um novo tempo

caracterizado pela produção industrial.


Livre comércio e igualdade de direitos

não tardariam a se espalhar

na américa e em todo o mundo

em 1776 começaram a falar


Para combater os limites impostos

pela metrópole, para a economia colonial

inspirou-se nos princípios iluministas

a elite local.


A economia tinha como base,

a exportação de produtos agrícolas tropicais,

como o açúcar e o fumo e

e exploração das riquezas minerais.
Alunas do Segundo Ano "A": Aline Alves, Aline Martina, Eliete Moura e Sabrina Franciele.




terça-feira, 18 de setembro de 2007

Breve Histórico da Agricultura Brasileira no Contexto da Expansão Agrícola.





A elevada concentração de terras, a expropriação e expulsão indígena e camponesa, o PROÁLCOOL (Programa Nacional do álcool) criado em 1975 pelo governo Geisel, os financiamentos estatais, na forma de créditos subsidiados para a grande produção, a modernização conservadora da agricultura, a super-exploração de mão-de-obra, inclusive indígena, as resistências rurais dos trabalhadores, a resistência dos remanescentes de quilombola, o apoio do Estado e do poder político local, a iniciativa privada na forma de grande propriedade, são os condicionantes gerais, que compõem a realidade que nos propomos compreender.

“(...) As nossas recordações não são os restos descoloridos de uma imagem fotográfica que reproduz fielmente a realidade, mas sim uma construção que fazemos a partir de fragmentos de conhecimento que já eram , na sua origem, interpretações da realidade e que, ao voltarmos a reuni-los reinterpretamo-lo à luz de novos pontos de vista (...)”[1]

Sendo assim, para se chegar a interpretar a realidade, há uma necessidade de investiga-la e, foi desta forma que nos propomos a contribuir para com este “fazer História”, que parta do acontecimento com tudo que tem de complexo e peculiar, não para isolá-lo como algo único, mas sim para colocar à prova o marco interpretativo e enriquece-lo ao mesmo tempo (FONTANA, 1998). Para realizarmos esta pequena construção histórica, tomamos como referência para posteriores interpretações, autores diversos, que tratam desde a questão agrária brasileira, até a questão educacional, visto que o presente trabalho se constituiu numa opção metodológica para o ensino de História.
As análises aqui realizadas privilegiam inicialmente a questão agrícola/agrária brasileira sendo que um tempo maior foi dedicado à compreensão da formação da agroindústria canavieira, caminho percorrido para que fosse possível compreender o processo de concentração de terra e de renda na região estudada, visto que a proposta metodológica de ensino apontada anteriormente é a de desenvolver um material, amparado em referenciais teóricos e pesquisa de campo que possibilitem o trabalho com as questões da História local, fortemente influenciada pela formação dos latifúndios e posteriormente de um complexo agro-industrial (CAI), o que se pretende construir é um referencial para melhor compreensão acerca da expansão econômica do Vale do Correntes, em Mato Grosso do Sul (região onde se localiza o município de Sonora) a partir da Era Vargas.
A problemática mais importante que se coloca é a de entender os problemas no campo brasileiro, especificamente na região do extremo norte do estado de Mato Grosso do Sul, na região de fronteira com o estado de Mato Grosso. A questão agrária brasileira é decorrente do processo de colonização européia empreendido a partir do século XVI[2]. Caio Prado tratou da formação latifundiária brasileira, apontando o papel do Brasil no sistema exploratório internacional no qual estava inserido e que era o de prover o mercado europeu de produtos tropicais. Para que se instalasse a lavoura canavieira, no território brasileiro, procedeu-se a uma destruição da cultura e da dignidade dos povos aqui existentes e dos negros vindos do continente africano, para trabalharem como escravos neste território. O que se seguiu a partir do nascimento da agricultura mercantil no Brasil foi o desrespeito contra o ser humano que passou a ser inserido como objeto naquele sistema econômico exploratório. A agricultura desse tipo no Brasil, teve seu início com a plantação da cana-de-açúcar que, para comportar os interesses do latifúndio, requeria vasta extensão de terra para o seu cultivo. Além disso, a escravidão do negro e do índio eram necessários para a satisfação de outros interesses mercantilistas e racistas.
A lavoura canavieira instalada no Brasil como fruto do processo de colonização e exploração, sempre esteve associada a um processo manufatureiro que resultavo no produto colonial que diferentemente de outras (café, algodão, fumo, cacau) sempre implicou na sua transformação no próprio local de implantação. A atividade fabril sempre se manteve sob controle do proprietário fundiário, desta forma foram constituídos os engenho (RAMOS, 1991), que se confundiam inicialmente com as sesmarias e caracterizou a ocupação da faixa litorânea do território brasileiro.
PRADO Jr.[3], comparou a grande propriedade açucareira com um mundo em miniatura em que se concentrou e resumiu a vida de toda uma parcela da humanidade. Desta forma, cabe falar de um “complexo rural” que tinha como centro o engenho de açúcar, unidade econômica baseada na monocultura, no latifúndio e no trabalho escravo. Houve ainda uma desvalorização da agricultura de subsistência como resultado da produção em larga escala para abastecer os mercados internacionais, o resultado imediato foi a fome da maioria da população pobre e alienada da posse da terra, visto que a produção de outros bens ficou submetida ao que ocorria com os produtos principais, ou seja a cana e o seu resultante, o açúcar.
Até princípios do século XVIII, a agricultura tomou conta do cenário brasileiro, responsável em prover os mercados europeus dos bens que estes necessitavam. A partir desse período é que se destinou a esse fim e por três quartos de século foi o centro da atenções de Portugal, representando a maior parte do cenário econômico da colônia.[4] A mineração do ouro foi a responsável pela ocupação do interior do território brasileiro. Foi o surto minerador ( ao qual não nos deteremos por não ser nosso objeto de estudo) que fez com que , parcialmente, a primeira metade do século XVIII tenha sido um período infrutífero para a agricultura brasileira, visto que houve um intenso processo de migração para as zonas mineradoras, isso somado à crise do açúcar provocada pela concorrência com o produto antilhano, após a transposição da tecnologia do fabrico pelos holandeses para aquela região.
O rápido esgotamento dos recursos minerais possibilitou um retorno da agricultura no cenários das exportações nacionais, o gênero tropical que substituiu o açúcar produzido no Brasil foi o algodão, graças aos progressos técnicos alcançados pro este produto durante o século XVIII. A cultura algodoeira deu um novo impulso ao maranhão , que de região inexpressiva se tornou uma das mais ricas e destacadas, considera-se aqui o modelo de desenvolvimento apontado anteriormente, elitista e excludente, o impulsionador desse processo foi a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão.
Quanto à cana-de-açúcar, a principal região produtora no período passou a ser São Paulo. Para o cultivo da mesma se promoveu a devastação da mata em larga escala, propiciando o surgimento de terras estéries e de desertos. O que se pode notar nesse processo é o descaso com os recursos naturais: mata destruída e solo explorado à exaustão.
O século XIX caracterizou-se por profundas transformações, que promoveram profundas mudanças na fisionomia do país, o resultado foi a revolução na distribuição das atividades produtivas brasileira. Na segunda metade desse século o açúcar perdeu o mercado externo graças à produção em outros países do açúcar de beterraba. Como havia uma certa dificuldade em redirecionar todo o complexo produtor para outro bem, a forma encontrada foi modernizar a estrutura produtora do complexo, a atividade industrial passou a se aproveitar de toda a moderna tecnologia decorrente da Revolução Industrial, intensificou-se o processamento da cana, fazendo com que se tornasse uma “atividade propriamente capitalista”, visto que até então o modelo de capitalismo era o comercial. Com o advento do modelo industrial na Europa ocorreu, o declínio da Antigo Sistema Colonial. O interessante passou a ser a existência de um mercado livre, e neste sendo o pacto colonial que reservava à metrópole o privilégio das transações comercial não poderia ser mantido.
Para se promover esta mudança na forma capitalista de exploração no país, recorreu-se ao capital estrangeiro. Esse processo ocorrido fundamentalmente entre 1870 e 1930 promoveu uma “modernização conservadora” no campo. O latifúndio foi mantido e o Estado foi chamado a financiar a transformação do engenho burguês em engenho maiores, o que propiciou o surgimento das usinas.
O campo começou a se industrializar e aos poucos passou a ser entendido como um conjunto de atividades econômicas que incluíam a terra como meio de produção[5], sob o capitalismo, a partir daí, ocorreu gradativamente, a formação dos complexos agro-industriais, o que não resolveu o problema do abastecimento interno do país, pelo contrário. A modernização dos latifúndios e a conseqüente formação do CAIs – Complexos Agro-industriais da atualidade, aliados a modernização da agricultura, o implemento de máquina e equipamentos modernos aumentaram a produtividade das grandes propriedades (que produziam para alimentar o mercado externo), acabaram gerando exclusão social e aumentando o desemprego no campo e na cidade.
A partir de 1930, o Estado passou a controlar e direcionar melhor a cultura da cana. A fase inicial da ação do Estado no setor, está associada à crise açucareira de 1929,[6] momento que o país perdeu parcela do mercado exterior e necessitou deslocar ainda mais o açúcar produzido para o mercado interno, principalmente o açúcar nordestino, distante do principal mercado nacional, o Centro-Sul em expansão.
O retorno do Brasil ao comércio exportador, com envergadura, se deu a partir de 1960. a política que orientou o desenvolvimento da agroindústria canavieira no Brasil, nesta década, teve por objetivo o incremento das exportações de açúcar e a ampliação do parque industrial e das lavouras de cana. O favorecimento do Estado à iniciativa privada concentrada, alcançou outros setores da economia brasileira: a cultura da soja, por exemplo, assim como a cana-de-açúcar, a soja está inserida no complexo agroindustrial e recebeu o apoio do Estado que concedeu subsídios para a instalação de indústrias para o seu beneficiamento.
Durante a Ditadura Militar e a Nova República, o crédito rural subsidiado e os preços mínimos continuaram voltados primordialmente, para a modernização conservadora da agropecuária, finalmente, sob o Neoliberalismo, parcela do crédito rural ficou a cargo dos bancos privados e das agroindústrias.[7] Com a abertura econômica para o exterior, produtos agrícolas estrangeiros, ingressaram em grande quantidade no mercado nacional, criando uma crise agrícola, normalmente por serem melhores e mais baratos, mas, principalmente por causa da sobrevalorização do real frente ao dólar. Esse quadro passou a ser revertido quando a moeda brasileira sofreu brusca desvalorização frente à moeda dos Estados Unidos, de 1998 em diante.
A manutenção do PROÁLCOOL, a exportação de açúcar, o crescimento da urbanização brasileira e a adição de álcool carburante à gasolina comum são mercado e ganhos atuais para a expansão da agroindústria canavieira, mas não para os trabalhadores rurais em geral, estes continuaram enfrentando os efeitos da expansão da modernização agrária conservadora, que PALMEIRA[8] chamou de modernização perversa. Os remanescentes de quilombolas que permaneceram na região também sofreram o efeito dessa modernização conservadora. Quanto à agricultura canavieira, houve neste setor uma desvalorização do trabalho com o crescimento do número de bóias-frias. No município de Sonora que se encontra na região que é objeto do presente estudo, o desemprego é uma realidade e se reflete em seus desdobramentos na exclusão de um grande número de trabalhadores dos postos de trabalho e na presença de andarilhos no perímetro urbano.
O meio ambiente e as pessoas não ficaram imunes a todos esses acontecimentos e passaram a ser penalizados, principalmente por causa das queimadas e dos subprodutos agro-industriais, por vezes jogados sem tratamento e impunemente no meio ambiente. A polêmica sobre as queimadas da cana e os impactos ambientais por ela causados tem apressado o processo de substituição dos cortadores por máquinas que fazem a colheita da cana sem queimá-la, o que inevitavelmente irá ampliar o número de desempregados.
Neste contexto de mazela sociais provocadas pela concentração de terras e modernização conservadora da agropecuária, pode-se afirmar que a solução não está nos complexos agro-industriais. Uma boa advertência, neste sentido, se põe com o clássico PRADO Jr.:

“... o primeiro e principal passo, no momento, para sairmos dessa situação ao mesmo tempo dolorosa e humilhante para nosso país é (...) a modificação das condições reinantes no campo brasileiro e a elevação dos padrões de vida humana que nele dominam. (...)”[9]

No texto, “ A História Legal da Terra na Fronteira e a Questão da Autoridade”, FOWERAKER[10] trata da questão da ocupação de terras no Brasil, desde o período da ocupação colonial, passando pela discussão da Lei de Terras de 1850 e tratando da questão política que está intrinsecamente ligada à história legal das terras. O texto aponta o papel do posseiro nesse processo de ocupação.
Entretanto, para que seja possível tratar da questão de posse, propriedade e titulação é necessário que se compreenda a importância da terra no mundo contemporâneo, mais especificamente na sociedade brasileira atual, ressaltando-se a necessidade de fugir de um quase inexorável maniqueísmo do qual muitas vezes a tentativa de compreensão da realidade se torna vítima. Sendo assim, dentre as várias definições é necessário salientar uma mais contemporânea em que a terra é tida como: meio de produção e, considerando o caráter neoliberal que permeia todas as modernas relações, inclusive a relação do ser humano com a terra, o que se processa é a intensa mercantilização desse bem.
Nesse ponto é possível retomar a discussão acerca de posse que, no sentido original, é o resultado de um processo de ocupação a partir do qual se dá o assenhoreamento de coisa sem dono. Nesse sentido, o valor da propriedade assenhoreada seria o equivalente ao trabalho empregado na mesma, porém de acordo com o caráter neoliberal exposto anteriormente, a terra deixou de ter apenas o valor do trabalho nela empregado e passou a ser expediente de lucros através da especulação.
Aponta FOWERAKER (1982), que ocorreu uma mudança no controle das terras devolutas, que por sua vez vão para o poder da iniciativa privada para o capital particular basicamente. Ressalta-se aqui a intrínseca relação entre terra e Poder. Na medida que o Estado transfere ou simplesmente facilita a aquisição de terras para os grandes grupos de interesses econômicos particulares, acaba por diminuir as possibilidades reais de o posseiro conseguir uma propriedade legal de terra. Esse expediente fez com que determinados grupos aumentassem seu poder se utilizando muitas vezes da força para alcançar seus objetivos, burlando desta forma o que está convencionado pela sociedade (lei).
FOWERAKER aponta que[11], a história da legalização das terras em mãos de particulares, é uma história política, e neste ponto é possível retomar a discussão do poder considerando que cargos públicos também são formas de amealhar poder e de utilizar a lei em benefício próprio. O peso maior da participação do Estado e como conseqüência do poder político na decisão sobre o controle das terras brasileira ocorreu, sobretudo, na forma de fomentos, bastante intensificados pelo governo entre os anos de 1940 e 1950, e que ainda estão presentes na atualidade, sob a forma de financiamentos bancários, crédito, micro-crédito e bolsas com fins variados.
No tocante ao tema específico do presente projeto, os mencionados fomentos estatais influenciaram enormemente na conformação econômica da região, pois no ano de 1975 foi instalada no Vale do Correntes uma Companhia Agrícola, responsável por um processo de expulsão e desapropriação do pequeno produtor que resultou num processo de concentração fundiária sem precedentes na região.
A interferência do Estado brasileiro no controle e direcionamento da cultura canavieira passou a ocorrer no início dos anos de 1930[12], mas a partir de 1960esse controle se deu com maior intensidade no Centro-Oeste. COSTA[13] mostrou que esta década foi o marco histórico inicial das transformações na agricultura, promovida por um determinado modelo de sociedade que se pretendia construir, no qual uma maior produção agrícola supostamente traria resultados positivos para a estratégia de desenvolvimento adotada. E isso não foi obtido nem em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, na perspectiva da maioria dos trabalhadores rurais destes estados.
A agricultura brasileira tem um problema chave, pois ao mesmo tempo que precisa fortalecer o mercado externo, necessita também aumentar a produtividade de bens de consumo interno. Porém, com a modernização conservadora da agricultura, tem-se uma redução no número de pequenas propriedades, que são as que produzem os bens de consumo interno, visto que nos “CAIs” o que prevalece é a produção em larga escala dos produtos de exportação e esses avançaram em área sobre a pequena produção. Segundo NASCIMENTO[14], o aspecto principal dessa “modernização via Estado”, promoveu uma expansão subsidiada do latifúndio, que se modernizou (mecanização, utilização de novos insumos), tornando-se capaz de produzir em larga escala, porém não houve geração de empregos correspondente e o que se efetivou foi a expulsão, quando não expropriação do trabalhador do campo. Este não é o ponto de vista de MULLER[15], para quem o complexo agro-industrial pode atender tanto o mercado externo quanto o interno na produção de gêneros de subsistência. Outro ponto de vista contrário ao de MULLER, pauta-se em PRADO Jr.[16], que ao defender a pequena propriedade, mostrou que o implemento de máquinas e equipamentos modernos (que visam principalmente a produção para abastecer o mercado externo) aumentou a exclusão social no campo, assim como o desemprego. A questão que pretendemos discutir é a degradação social, econômica e ambiental, promovida a partir do processo de concentração fundiária, promovida pela ação das frentes de expansão da fronteira agrícola, que além de privilegiar um número restrito de pessoas é prejudicial ao desenvolvimento econômico da região, na medida que a pequena propriedade que vem perdendo espaço para os CAIs é aquela que produz majoritariamente os gêneros de consumo dos quais as pessoas necessitam.
O presente estudo se pauta na análise dos processos relacionados a questões relacionadas à terra, à colonização e migração e suas relações com os conceitos de Fronteira, Zonas de Expansão, Zonas Pioneiras desenvolvidos por autores como Tânia Navarro Swain, Pierre Monbeig, Léo Waibel e José de Souza Martins em suas respectivas obras.[17]
Para Tânia Navarro Swain,

A apropriação da terra e a dominação da força de trabalho foram os pilares da concentração de riqueza no Brasil, a base do poder regional e o amparo ao Estado oligárquico. Dentro deste contexto, a pequena propriedade representa uma ameaça para o sistema estabelecido, tendo em vista o caráter monoexportador do setor dinâmico da economia que exige mão-de-obra abundante a custo pouco elevado, e novas terras férteis.(1988: 21)

Outra preocupação é entender o emprego do trabalho indígena utilizado por muitos anos na região e até que ponto foi compulsório. Estudar as condições do mesmo, que segundo consta durou até cerca de dez anos atrás. Além das relações sociais que se processam na atualidade, com a migração dos nordestinos no período das safras, e as condições sociais e econômicas da comunidade quilombola que reside na região.
As representações que são próprias da mencionada região é fruto da emergência de novos objetos no seio das questões históricas: as atitudes perante a vida e a morte, as crenças e os comportamentos religiosos, os sistemas de parentesco e as relações familiares, os rituais, as formas de sociabilidade, as modalidades de funcionamento escolar, etc.. – o que representava a constituição de novos territórios do historiador através da anexação dos territórios dos outros. Daí corolariamente, o retorno a uma das inspirações fundadoras dos primeiros Annales dos anos 30, a saber, o estudo das utensilagens mentais que o domínio de uma história dirigida antes de mais para o social tinha em certa medida relegado para segundo plano.(p.14).[18]
Sustentamos o presente estudo em autores que analisam processos relacionados a questões da terra, da colonização e migração e suas relações com os conceitos de Fronteira, Zonas de Expansão, Zonas Pioneiras desenvolvidos por autores como Tânia Navarro Swain, para quem:

A apropriação da terra e a dominação da força de trabalho foram os pilares da concentração de riqueza no Brasil, a base do poder regional e o amparo ao Estado oligárquico. Dentro deste contexto, a pequena propriedade representa uma ameaça para o sistema estabelecido, tendo em vista o caráter monoexportador do setor dinâmico da economia que exige mão-de-obra abundante a custo pouco elevado, e novas terras férteis.(1988: 21)

No tocante à compreensão sobre fronteiras utilizamos os conceitos de criados por Waibel. segundo Waibel, a questão é se ainda “temos tais zonas pioneiras no Brasil e, em caso afirmativo, onde estão localizadas (...) o que exige uma melhor definição dos conceitos de frontier e pionner” (1979: 281).
Segundo Waibel, o conceito de pioneiro.

significa mais do que o conceito de frontiersman, i.é., do indivíduo que vive numa fronteira espacial Nem o extrativista e o caçador, nem o criador de gado, podem ser considerados como pioneiros; apenas o agricultor pode ser denominado como tal, estando apto a constituir uma zona pioneira. Somente ele é capaz de transformar a mata virgem numa paisagem cultural e de alimentar um grande número de pessoas numa área pequena. (Waibel, 1979: 282 emprega o conceito de pioneiro também para indicar a introdução de melhoramentos no campo da técnica e da vida espiritual)

Esse autor afirma, ainda, que :

só falamos de uma ‘zona pioneira’ (...) quando subitamente por uma causa qualquer a expansão da agricultura se acelera, quando uma espécie de febre toma a população das imediações mais ou menos próximas e se inicia o afluxo de uma forte corrente humana (Waibel, 1979: 282).

De grande relevância ainda para o presente estudo foram algumas obra de Martins (1997), para quem o termo fronteira, no Brasil, é tratado de forma particular por geógrafos e antropólogos. Para os primeiros, como um termo que designa uma zona pioneira ou uma frente pioneira. Os segundos, sobretudo a partir dos anos cinqüenta, definiram essas frentes de deslocamento da população civilizada e das atividades econômicas de algum modo reguladas pelo mercado, como frentes de expansão.
Na tentativa de explicitar melhor essa diferença Martins (1997) apresenta a posição assumida por diferentes autores, mas, nos limites desse estudo, restringimo-nos a apresentar as considerações de Martins sobre os conceitos defendidos por Darcy Ribeiro, Pierre Monbeig, Roberto Cardoso de Oliveira, Arthur Nehl Neiva.
A designação de frentes de expansão formulada por Darcy Ribeiro, como “fronteiras de civilização”, tornou-se uso corrente até mesmo entre antropólogos, sociólogos e historiadores que não estavam trabalhando propriamente com situações de fronteira da civilização. Ela expressa a concepção de ocupação do espaço de quem tem como referência as populações indígenas, enquanto a concepção de frente pioneira não leva em conta os índios e tem como referência o empresário, o fazendeiro, o comerciante e o pequeno agricultor moderno e empreendedor.
Tais definições parecem apontar que a concepção dos antropólogos sobre a expansão é mais ampla, pois incorpora os índios, desconsiderados pelos geógrafos.
Pierre Monbeig define os índios alcançados (e massacrados) pela frente pioneira no oeste de São Paulo como precursores dessa mesma frente, como se estivessem ali transitoriamente à espera da civilização que acabaria com eles. A ênfase original de suas análises estava no reconhecimento das mudanças radicais na paisagem pela construção de ferrovias, das cidades, pela difusão da agricultura comercial em grande escala, como o café e o algodão.
A concepção de frente pioneira, para Martins,

compreende implicitamente a idéia de que na fronteira se cria o novo, nova sociabilidade, fundada no mercado e na contratualidade das relações sociais. (...) A frente pioneira é também a situação espacial e social que convida ou induz `a modernização, à formulação de novas concepções de vida, à mudança social. (Martins, 1997)

para Martins (1997), a fronteira é essencialmente o lugar da alteridade, do conflito de terras ou conflito social:

Na minha interpretação, a fronteira é essencialmente o lugar da alteridade. É isso que faz dela uma realidade singular, À primeira vista é o lugar do encontro dos que por diferentes razões são diferentes entre si, como os índios de um lado e os civilizados de outro; como os grandes proprietários de terra, de um lado e os camponeses pobres, do outro. Mas o conflito faz com que a fronteira seja essencialmente a um só tempo, um lugar de descoberta do outro e de desencontro (...) a fronteira só deixa de existir quando o conflito desaparece, quando os tempos se fundem, quando a alteridade original e mortal dá lugar à alteridade política, quando o outro se torna a parte antagônica do Nós...” (Martins, 1997).

No que diz respeito à localização das zonas pioneiras Waibel considera que

No Brasil as zonas pioneiras não são um fenômeno primário da conquista de novas terras, mas uma conseqüência da mesma. (...) Nestas áreas insuladas de mata os colonos penetraram não só a partir do leste, mas, também, do sul e do norte, e em parte do oeste, fazendo assim uma penetração pela retaguarda.(Waibel, 1997).
A partir da reflexão dos conceitos de fronteira, zonas pioneiras e zonas de expansão dos autores supramencionados, Martins (1997) se sente à vontade para fazer uma primeira datação histórica: adiante da fronteira demográfica ou da “civilização”, estão as populações indígenas que sofrem as conseqüências dos processos de expansão. Entre a fronteira demográfica e a fronteira econômica está a frente de expansão, isto é, a frente da população não incluída na fronteira econômica. Atrás da linha da fronteira econômica está a frente pioneira, dominada não só pelos agentes da civilização, mas, também, pelos agentes da modernização que se constituem em agentes da economia capitalista que vai além da economia de mercado. São agentes de mentalidade inovadora, urbana e empreendedora.
[1] FONTANA, Josep. “Reflexões sobre a História do Além do Fim da História”. in: A História para além do Fim da História, EDUSC, São Paulo, 1998.
[2] PRADO Jr., Caio. “História Econômica do Brasil”. Brasiliense, São Paulo, 43 ed. 1998.
[3] PRADO Jr. Op. Cit.
[4] PRADO Jr. Op. Cit.
[5] MULLER, Geraldo. “Cem Anos de República: notas sobre as transformações Estruturais no Campo”. In: Revista de Estudos Avançados. V.03,n.07, São Paulo, USO/ICA: set/dez, 1989.
[6] BRAY, Silvio Carlos; FERREIRA,Enéas Rente; RUAS, Davi Guilherme Gaspar. “As Políticas da Agroindústria Canavieira e o Proálcool no Brasil”. Marília, Unesp-Marília-Publicações, 2000.
[7] Bray, Op. Cit.
[8] PALMEIRA, Moacir.”Modernização, Estado e Questão Agrária”. In: Revista de Estudos Avançados. São Paulo (USP) IEA. Set/Dez. v.03,n. 07,p..87. 1989.
[9] PRADO Jr.
[10] FOWERAKER, Joe. “A luta pela terra – a economia política da fronteira pioneira no Brasil de 1930 aos dia atuais”. Rio de Janeiro:Zahar, 1982.
[11] O autor faz alusão a um problema brasileiros dos anos de 1980, que nos parece ainda muito pertinente aos problemas fundiários da atualidade. Nesta caso específico, acredita-se que o estudo desse autor é bem empregado na tentativa de compreender a formação latifundiária e excludente da região do Vale do Correntes.
[12] Bray; FERREIRA & RUAS. Op. Cit.
[13] COSTA, Dermeval Pereira da. “Um diagnóstico acerca das transformações recentes na agricultura brasileira: o caso da Usina Jaciara S/A”. Mimeo.
[14] NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. “Aceleração Temporal na Fronteira: estudo do caso de Rondonópolis-MT”. Tese de doutorado, São Paulo: História/FFSCH/USP, 1997, p.01 a 25.
[15] MULLER, Geraldo. “Cem anos de República: notas sobre as transformações estruturais do campo”. In: Revista de estudos avançados, v.03,n.07, São Paulo, USP/ICA: set/dez, 1989.
[16] PRADO Jr. Op. Cit.
[17] As obras referidas são:
a)MARTINS, José de Souza. Fronteira. A degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec, 1997.
b)MONBEIG, Pierre. Os pioneiros. In: ____________. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Hucitec-Polis, 1984. p. 139 – 164.
c)SWAIN, Tânia Navarro. Fronteiras do Paraná: da colonização à migração. Brasília: Universidade de Brasília, 1988.

WAIBEL, Léo. As zonas pioneiras do Brasil. In: ___________. Capítulos de geografia tropical e do Brasil. 2ª Ed., Rio de janeiro: FIBGE, 1979. p. 279-311.


[18] CHARTIER, Roger.“A história cultural: entre práticas e representações”. Lisboa Rio de Janeiro, DIFEL Bertran Brasil, 1990.
A EXPANSÃO ECONÔMICA DO VALE DO CORRENTES, EM MATO GROSSO DO SUL: UMA MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA PROMOVIDA PELAS FRENTES DE EXPANSÃO AGRÍCOLA (Pequena Introdução)

O tema deste trabalho é a questão da expansão agrícola, nosso objeto de estudo dentro desse tema maior é a expansão econômica do Vale do Correntes, em Mato Grosso do Sul, bem como a modernização conservadora que foi promovida pelas frentes de expansão agrícola.
Iniciamos tratando da agroindústria no Brasil, desde o período colonial, mostrando a montagem do sistema agroexportador instalado no território brasileiro.
Tratamos do cenário da agricultura no século XVIII e substituição desta em meados deste século pelo ouro, que foi o responsável pela ocupação do interior do território brasileiro.
Já no século XIX, ocorreram mudanças significativas na distribuição das atividades produtivas brasileiras, quando o açúcar perdeu mercado externo e o país modernizou a estrutura produtora do embrionário complexo agroindustrial para redirecionar a produção de outros bens. O advento do regime republicano, ainda neste século, proporcionou o crescimento econômico e a agricultura se industrializou, nasceram aí os complexos agro-industriais mais modernos.
A modernização conservadora ocorrida no setor agrícola nos anos de 1960 e 1970, provocou a expulsão dos trabalhadores rurais do campo. Esta modernização impulsionada em boa parte pelo Estado, na forma de créditos subsidiados, acabou controlando e direcionado a cultura canavieira.
Ao tratarmos da agricultura especificamente no estado de Mato Grosso do Sul, mostramos que esta esteve presente, mesmo que de forma bastante incipiente, desde o início da colonização deste estado, e com base em autores como Alcir Lenharo, mostramos que a tese de que a colônia de Mato Grosso estava isolado do restante do país é um mito que visa atribuir “heroísmo” e “virtudes” ao grupo representante do poder regional, em parte descendente e/ou de alguma forma relacionados com aqueles antepassados.
O século XVIII, em Mato Grosso, foi marcado por um período em que as atividades estavam voltadas para a mineração, o que fez com que o desenvolvimento agrícola e do pastoreio fossem inexpressivos.
A partir do século XIX, e com base em uma nova divisão internacional do trabalho, a província foi incumbida de abastecer os mercados europeus de gêneros agrícolas e demais matérias primas, foi nesse período que houve a proliferação dos núcleos açucareiros. O regime de trabalho era penoso e, pode-se dizer que se aproximou do regime escravista, pois mantinha-se sob bases compulsórias de trabalho, para sustentar baixos custos.
Nos anos de 1930, houve uma redução das agroindústrias mato-grossenses, pois o órgão criado pelo Estado (IAA) para gerir os assuntos relativos à produção de álcool não beneficiaram o Estado de Mato Grosso.
Visando aumenta a produtividade da região mato-grossense, e a sua integração no mercado nacional, foi lançado nos anos de 1930 e 1940, o programa “marcha para o Oeste”, que apregoava o deslocamento da população de trabalhadores rurais para o sertão, ou Oeste. Entretanto, o resultado dessa política de distribuição de terras resultou na formação de latifúndios, que passaram por um processo de industrialização, posteriormente com a junção de agricultura e indústria. Nesse contexto, de industrialização da agricultura, o ano de 1970, assistiu à valorização da agricultura pelo Estado, que via nesta a contribuição para a redução da crise econômica, empreendendo assim o aumento da produção de alimentos e matéria prima com o objetivo de combater a inflação e aumentar as exportações.
Com relação à agroindústria da cana, houve neste ano a criação do PROÁLCOOL, para aumentar a produção de agroenergéticos, entretanto os benefícios resultantes desse programa, foram aplicados para a satisfação dos interesses de poucos, isto com o apoio governamental, através de concessão de créditos subsidiados.
Em 1977, ocorreu a divisão do estado de Mato Grosso, e o presente estudo sobre a agroindústria canavieira se voltou para a região do vale do Correntes, onde está situado o município de Sonora, local em que, contando com os créditos estatais enumerados acima se instalou a Usina Aquárius, na atualidade chamada Companhia Agrícola Sonora Estância, beneficiada pelo processo de modernização promovido pelo Estado, se converteu em pólo expressivo dessa modernização conservadora, cuja conseqüência imediata foi a concentração de terras, a intensa pecuarização e a exclusão do trabalhador rural.
Na perspectiva do capital o processo de desenvolvimento econômico na região foi bem sucedido, porém, as contradições surgiram e as incoerências sócio-econômicas se expressam no quadro de desemprego, degradação ambiental e desrespeito com as comunidades indígenas e quilombolas.
Para realização deste estudo promovemos um debate entre várias correntes de opinião acerca do objeto de estudo além de entrevistas com indígenas mais velhos; com camponeses mais velhos expulsos e/ou expropriados do campo; com administradores de agro-indústrias da cana e da soja e frigoríficos; com engenheiros de produção das agro-indústrias; com médios e grandes proprietários de soja, cana e pecuária extensiva; com atacadistas; com trabalhadores rurais fixos, sazonais e diaristas; com o Sindicato dos Trabalhadores e com o Sindicato dos Produtores Rurais, além de entrevista com representantes de Associação Ambiental.
No decorrer do estudo, algumas dificuldades foram encontradas tais como: múltipla jornada de trabalho, recusa por parte de alguns entrevistados em dar informações. Caso não houvessem essas limitações, poderiíamos ter apresentado material mais amplo para aqueles que porventura desejarem dar continuidade aos assuntos referentes ao tema apresentado.
PEQUENO HISTÓRICO DA CONSTRUÇÃO DO SISTEMA
EDUCACIONAL E ANÁLISE DO REFLEXO DESSA CONSTRUÇÃO
NO ENSINO DE HISTÓRIA EM SONORA-MS (Pequena Introdução)


O presente estudo tem por objetivo refletir e analisar acerca da construção do processo educacional e de ensino, visando entender a crise vivida no contexto atual, bem como os reflexos desta no Ensino de História no município de Sonora – MS.
A metodologia que direcionou a pesquisa foi o materialismo dialético, bastante discutido no decorrer do estudo, pois é a mesma metodologia que sustenta o referencial curricular de Mato Grosso do Sul.
“Pequeno histórico da construção do sistema educacional e análise dos reflexos dessa construção no Ensino de História em Sonora – MS”, é fruto de uma espécie de frustração sentida enquanto profissional da educação, pois, são notórias as mudanças sociais que o mundo vem vivendo, e os reflexos dessas mudanças, sentidas pela escola não tem sido os melhores, o abismo social que separa uma massa de excluídos do direito ao básico que deveria ser permitido aos seres humanos que é o direito à vida. Discutir a educação contemporânea é pensar uma nova forma de sociedade mais justa e democrática.
A pesquisa se sustentou no campo teórico por um referencial bibliográfico de autores comprometidos com a análise do sistema educacional brasileiro, utilizando obras que tratam da construção do processo educacional ao longo da história, recorreu-se ainda, a muitas horas de navegação pela internet, e não se pode deixar de mencionar as extensas conversas com colegas professores e ainda, de pesquisa de campo com a utilização de entrevistas feitas com 10%, dos 115 professores das redes: municipal, estadual e privada, para comprovação ou refutação de idéias pré-concebidas, além de entrevistas com todos os professores de História do município mencionado.
O estudo foi dividido em três capítulos, sendo que no primeiro foi feita uma contextualização histórica do processo educacional, tratando da necessidade de organização dos primeiros grupos humanos, onde a educação não era sistematizada, mas havia necessidade de ser aprendido o que era importante para sobrevivência do grupo. Com o aperfeiçoamento das técnicas agrícolas, começaram a ser produzidos os excedentes, fato fundamentais para que se entenda o surgimento das classes sociais. Foi a partir desse período que começaram a surgir instituições ou pessoas especificamente preparadas para ensinar.
Essa tendência educacional foi se alterando a partir da fragmentação do Império Romano, pois no período posterior quem dominava o conhecimento e se responsabilizava pela educação era a Igreja Católica, que mantinha nos monastérios escolas destinadas, sobretudo à educação religiosa.
No segundo capítulo do presente estudo analisou-se o nascimento da modernidade, bem como as transformações vividas pela humanidade no período, foi a partir daí que se tratou do processo de construção do ensino no Brasil. Ressalta-se que a história do Brasil não teve início com a ocupação do território pelos portugueses, já existem indícios de organização de grupos humanos na região há pelo menos 50 mil anos, entretanto a pesquisa não se debruçou sobre este período anterior à ocupação e colonização, o recorte temporal se restringiu ao período posterior à catequização dos nativos pelo colonizador europeu. Neste capítulo procedeu-se a uma análise sucinta, mas não superficial das transformações vividas pela sociedade brasileira e a maneira como o sistema de ensino foi se adequando a essas transformações. Neste capítulo foi feita uma explanação das transformações vividas no âmbito do Ensino de História.
O terceiro capítulo trata do reflexo de todas as transformações descritas anteriormente, fazendo uma análise da crise vivida pelo sistema educacional no contexto da pós-modernidade, nesse ponto passou-se ao estudo bem específico da nossa realidade municipal, buscando mostrar até que ponto o município de sonora se insere no processo de transformações estruturais vividas pela sociedade brasileira, que no campo educacional apresenta todo um discurso de transformações sociais, apresentadas nas reflexões acerca dos referenciais curriculares do Estado de Mato Grosso do Sul, mas na prática mantém toda estrutura de manutenção da ordem estabelecida. Neste ponto do trabalho buscou-se entender até que ponto as mutações vividas pelo Ensino de História em âmbito nacional interferiram no mesmo em nível local.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO-MESTRADO EM HISTÓRIA
LINHA DE PESQUISA 1: TERRITÓRIOS E FRONTEIRAS: TEMPORALIDADES E ESPACIALIDADES.













A EXPANSÃO ECONÔMICA DO VALE DO CORRENTES, EM MATO GROSSO DO SUL : A PARTIR DA ERA VARGAS





Beatriz S. Oliveira Feitosa
















Cuiabá/MT – 2007








1) TEMA





A elevada concentração de terras, a expropriação e expulsão indígena e camponesa, o PROÁLCOOL (Programa Nacional do álcool) criado em 1975 pelo governo Geisel, os financiamentos estatais, na forma de créditos subsidiados para a grande produção, a modernização conservadora da agricultura, a super-exploração de mão-de-obra, inclusive indígena, as resistências rurais dos trabalhadores, o apoio do Estado e do poder político local, a iniciativa privada na forma de grande propriedade, são os condicionantes gerais, que compõem a realidade que nos propomos compreender.
A problemática mais importante que se coloca é a de entender os problemas no campo brasileiro, especificamente na região do extremo norte do estado de Mato Grosso do Sul, na região de fronteira com o estado de Mato Grosso. A questão agrária brasileira é decorrente do processo de colonização européia empreendido a partir do século XVI[1]. Caio Prado tratou da formação latifundiária brasileira, apontando o papel do Brasil no sistema exploratório internacional no qual estava inserido e que erro o de prover o mercado europeu de produtos tropicais. Para que se instalasse a lavoura canavieira, no território brasileiro, procedeu-se a uma destruição da cultura e da dignidade dos povos aqui existentes e dos negros vindos do continente africano, para trabalharem como escravos neste território. O que se seguiu a partir do nascimento da agricultura mercantil no Brasil foi o desrespeito contra o ser humano que passou a ser inserido como objeto naquele sistema econômico exploratório. A agricultura desse tipo no Brasil, teve seu início com a plantação da cana-de-açúcar que, para comportar os interesses do latifúndio, requeria vasta extensão de terra para o seu cultivo. Além disso, a escravidão do negro e do índio eram necessários para a satisfação de outros interesses mercantilistas e racista.
O campo começou a se industrializar e aos poucos passou a ser entendido como um conjunto de atividades econômicas que incluíam a terra como meio de produção[2], sob o capitalismo, a partir daí, ocorreu gradativamente, a formação dos complexos agro-industriais, o que não resolveu o problema do abastecimento interno do país, pelo contrário. A modernização dos latifúndios e a conseqüente formação do CAIs – Complexos Agro-industriais da atualidade, aliados a modernização da agricultura, o implemento de máquina e equipamentos modernos aumentaram a produtividade das grandes propriedades (que produza para alimentar o mercado externo), acabaram gerando exclusão social e aumentando o desemprego no campo e na cidade.
A partir de 1930, o Estado passou a controlar e dircionar melhor a cultura da cana. A fase inicial da ação do Estado no setor, está associada à crise açucareira de 1929,[3] momento que o país perdeu parcela do mercado exterior e necessitou deslocar ainda mais o açúcar produzido para o mercado interno, principalmente o açúcar nordestino, distante do principal mercado nacional, o Centro-Sul em expansão.
O retorno do Brasil ao comércio exportador, com envergadura, se deu a partir de 1960. a política que orientou o desenvolvimento da agroindústria canavieira no Brasil, nesta década, teve por objetivo o incremento das exportações de açúcar e a ampliação do parque industrial e das lavouras de cana. O favorecimento do Estado à iniciativa privada concentrada, alcançou outros setores da economia brasileira: a cultura da soja, por exemplo, assim como a cana-de-açúcar, a soja está inserida no complexo agroindustrial e recebeu o apoio do Estado que concedeu subsídios para a instalação de indústrias para o seu beneficiamento.
Durante a Ditadura Militar e a Nova República, o crédito rural subsidiado e os preços mínimos continuaram voltados primordialmente, para a modernização conservadora da agropecuária, finalmente, sob o Neoliberalismo, parcela do crédito rural ficou a cargo dos bancos privados e das agroindústrias.[4] Com a abertura econômica para o exterior, produtos agrícolas estrangeiros, ingressaram em grande quantidade no mercado nacional, criando uma crise agrícola, normalmente por serem melhores e mais baratos, mas, principalmente por causa da sobrevalorização do real frente ao dólar. Esse quadro passou a ser revertido quando a moída brasileira sofreu brusca desvalorização frente à moeda dos Estados Unidos, de 1998 em diante.
A manutenção do PROÁLCOOL, a exportação de açúcar, o crescimento da urbanização brasileira e a adição de álcool carburante à gasolina comum são mercado e ganhos atuais para a expansão da agroindústria canavieira, ma não para o trabalhadores rurais em geral, estes continuaram enfrentando os efeitos da expansão da modernização agrária conservadora, que PALMEIRA[5] chamou de modernização perversa. Quanto à agricultura canavieira, houve neste setor uma desvalorização do trabalho com o crescimento do número de bóias-frias. No município de Sonora que se encontra na região que é objeto do presente estudo, o desmprego já é uma realidade e se reflete em seus desdobramentos na exclusão de um grande número de trabalhadores dos postos de trabalho e na presença de andarilhos no perímetro urbano.
O meio ambiente e as pessoas não ficaram imunes a todos esses acontecimentos e passaram a ser penalizados, principalmente por causa das queimadas e dos subprodutos agro-industriais, por vezes jogados sem tratamento e impunemente no meio ambiente. A polêmica sobre as queimadas da cana e os impactos ambientais por ela causados tem apressado o processo de substituição dos cortadores por máquinas que fazem a colheita da cana sem queimá-la, o que inevitavelmente irá ampliar o número de desempregados.
Neste contexto de mazela sociais provocadas pela concentração de terras e modernização conservadora da agropecuária, pode-se afirmar que a solução não está nos complexos agro-industriais. Uma boa advertência, neste sentido, se põe com o clássico PRADO Jr.:

“... o primeiro e principal passo, no momento, para sairmos dessa situação ao mesmo tempo dolorosa e humilhante para nosso país é (...) a modificação das condições reinantes no campo brasileiro e a elevação dos padrões de vida humana que nele dominam. (...)”[6]




2) OBJETO


O objeto do projeto a ser desenvolvido é “Reflexos das Frentes de Colonização no Desenvolvimento Econômico da Região do Vale do Corrente no Extremo Norte do Estado de Mato Grosso do Sul”, inserido na área de História Econômica. O objeto inicial do trabalho é “ Introdução ao Estudo do Desenvolvimento da Mencionada Região”, ressaltando aí a necessidade de se compreender a formação do município de Sonora-MS, às margens do rio Corrente, limite geográfico entre os Estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.



3) OBJETIVOS


Este trabalho, tem por objetivo analisar processos relacionados a questões relacionadas à terra, à colonização e migração e suas relações com os conceitos de Fronteira, Zonas de Expansão, Zonas Pioneiras desenvolvidos por autores como Tânia Navarro Swain, Pierre Monbeig, Léo Waibel e José de Souza Martins em suas respectivas obras.[7]
Para Tânia Navarro Swain,

A apropriação da terra e a dominação da força de trabalho foram os pilares da concentração de riqueza no Brasil, a base do poder regional e o amparo ao Estado oligárquico. Dentro deste contexto, a pequena propriedade representa uma ameaça para o sistema estabelecido, tendo em vista o caráter monoexportador do setor dinâmico da economia que exige mão-de-obra abundante a custo pouco elevado, e novas terras férteis.(1988: 21)


Diante disso, objetiva-se estudar a história da região do Vale do correntes onde teve início o município de Sonora-MS, através de coleta de dados, recorrendo a pesquisa minuciosa sobre o tema da agricultura (que ao lado da pecuária é a atividade motora da região).
Outra preocupação é entender o emprego do trabalho indígena utilizado por muitos anos na região e até que ponto foi compulsório. Estudar as condições do mesmo, que segundo consta durou até cerca de dez anos atrás. Além das relações sociais que se processam na atualidade, com a migração dos nordestinos no período das safras.
Estudar os problemas ambientais decorrente da ação da agroindústria estabelecida na região (poluição do ar, água, solo).
Deseja-se ainda, compreender como através de subsídios concedidos pelo estado, promoveu-se uma concentração de terras e de renda, com a consequente expulsão do pequeno produtor e sua proletarização.
Ressalta-se ainda, a importância de estudar essas problemáticas considerando o espaço de representações que é própria da mencionada região pois é notória a emergência de novos objetos no seio das questões históricas: as atitudes perante a vida e a morte, as crenças e os comportamentos religiosos, os sistemas de parentesco e as relações familiares, os rituais, as formas de sociabilidade, as modalidades de funcionamento escolar, etc.. – o que representava a constituição de novos territórios do historiador através da anexação dos territórios dos outros. Daí corolariamente, o retorno a uma das inspirações fundadoras dos primeiros Annales dos anos 30, a saber, o estudo das utensilagens mentais que o domínio de uma história dirigida antes de mais para o social tinha em certa medida relegado para segundo plano.(p.14).[8]



4) JUSTIFICATIVAS


No final do século XIX, ocorreram mudanças significativas na distribuição das atividades produtivas brasileira, quando o açúcar perdeu mercado externo e o país modernizou a estrutura produtora do embrionário complexo agroindustrial para redirecionar a produção de outros bens. O advento do regima republicano, ainda neste século, proporcionou o crescimento econômico e a agricultura se industrializou, dando origem aos complexos agro-industriais mais modernos.
A modernização conservadora ocorrida no setor agrícola nas décadas de 1960 e 1970, provocou a expulsão dos trabalhadores rurais do campo. Esta modernização impulsionada em boa parte pelo Estado, na forma de créditos subsidiados, acabou controlando e direcionado a cultura canavieira.
Quanto ao Estado de Mato Grosso (no período anterior à divisão que deu origem ao Estado de Mato Grosso do Suol), constatou-se que a agricultura esteve presente sempre, mesmo que de forma bastante incipiente, desde o início da colonização. Considerando que:
“Durante todo o período colonial, o principal produtos de exportação de Mato Grosso foi o ouro. Embora a lavoura de cana-de-açúcar e a criação de gado tivessem sido introduzidas na região ainda na década de trinta do século XVIII, nenhuma dessas atividades conseguira desenvolver-se o suficiente para atingir a exportação. (...)”[9]

Com base em LENHARO[10], foi possível constatar que a tese de que a colônia de Mato Grosso estava isolada do restante do país é um mito que visa atribuir “heroísmos” e “virtudes” ao grupo representante do poder regional, em parte descendente ou de alguma forma relacionado com aqueles antepassados.
O século XVIII, em Mato Grosso, foi marcado por um período em que as atividades estavam voltadas para a mineração, o que fez com que o desenvolvimento agrícola e de pastoreio fossem inexpressivos.
A partir do final do século XIX, e com base em uma nova divisão internacional do trabalho, a província foi incumbida de abastecer os mercados europeus de gêneros agrícolas e demais matéria primas, foi nesse período que ocorreu a proliferação dos núcleos açucareiros. O regime de trabalho era penoso e, pode-se dizer que se aproximou do regime escravista, pois se mantinha sob bases compulsórias de trabalho, para sustentar baixos custos.
Nos anos de 1930, houve uma redução das agroindústrias mato-grossenses, pois o Instituto do Açúcar e do Álcool –IAA, criado pelo Estado para gerir os assuntos relativos à produção de álcool não beneficiaram o Estado de Mato Grosso.
Visando aumentar a produtividade da região e a sua integração no mercado nacional, foi lançado nos anos de 1930 e 1940, o programa “Marcha para o Oeste”, que apregoava o deslocamento da população de trabalhadores rurais nordestinos para o sertão ou Oeste. O resultado dessa política de distribuição de terras resultou na formação de latifúndios ao lado dos lotes coloniais que passaram por um processo de industrialização da agricultura a partir dos anos de 1980. A década de 1980 assistiu a valorização da agricultura pelo Estado, que via nesta a contribuição para a redução da crise econômica, empreendendo assim o aumento da produção de alimentos e matérias primas com o objetivo de combater a inflação e aumentar as exportações, sobretudo para honrar o serviço da Dívida Externa.
Com relação à agroindústria da cana, foi criado neste período o PROÁLCOOL, para aumentar a produção de agroenergéticos no sentido de se enfrentar a crise energética favorecendo o latifúndio, entretanto os benefícios resultantes desse programa foram aplicados para a satisfação dos interesses de poucos, isto com o apoio governamental, através de concessão de créditos subsidiados e garantia de preços mínimos.
A região a ser estudada foi palco de um processo de transformação, sobretudo graças ao processo de divisão do Estado em 1977. Nota-se que na mencionada região ocorreu um processo de modernização conservadora da agropecuária[11], cuja conseqüência imediata foi o aumento da concentração de terras em detrimento do trabalhador rural, inclusive dos grupos indígenas, cuja mão-de-obra foi largamente utilizada por um tempo significativo na região.
Na perspectiva do Capital, o processo de desenvolvimento econômico nessa região de fronteiras foi bem sucedido, porém, as contradições surgiram, e as incoerências sócio-econômicas se expressam no quadro de desemprego, degradação ambiental e desrespeito com as comunidades indígenas. Nos propomos explicar tal processo, na perspectiva científica e da comunidade regional.


5) PROBLEMATIZAÇÃO


No texto, “ A História Legal da Terra na Fronteira e a Questão da Autoridade”, FOWERAKER[12] trata da questão da ocupação de terras no Brasil, desde o período da ocupação colonial, passando pela discussão da Lei de Terras de 1850 e tratando da questão política que está intrinsecamente ligada à história legal das terras. O texto aponta o papel do posseiro nesse processo de ocupação.
Entretanto, para que seja possível tratar da questão de posse, propriedade e titulação é necessário que se compreenda a importância da terra no mundo contemporâneo, mais especificamente na sociedade brasileira atual, ressaltando-se a necessidade de fugir de um quase inexorável maniqueísmo do qual muitas vezes a tentativa de compreensão da realidade se torna vítima. Sendo assim, dentre as várias definições é necessário salientar uma mais contemporânea em que a terra é tida como: meio de produção e, considerando o caráter neoliberal que permeia todas as modernas relações, inclusive a relação do ser humano com a terra, o que se processa é a intensa mercantilização desse bem.
Nesse ponto é possível retomar a discussão acerca de posse que, no sentido original, é o resultado de um processo de ocupação a partir do qual se dá o assenhoreamento de coisa sem dono. Nesse sentido, o valor da propriedade assenhoreada seria o equivalente ao trabalho empregado na mesma, porém de acordo com o caráter neoliberal exposto anteriormente, a terra deixou de ter apenas o valor do trabalho nela empregado e passou a ser expediente de lucros através da especulação.
Aponta FOWERAKER (1982), que ocorreu uma mudança no com trole das terras devolutas, que por sua vez vão para o poder da iniciativa privada para o capital particular basicamente. Ressalta-se aqui a intrínseca relação entre terra e Poder. Na medida que o Estado transfere ou simplesmente facilita a aquisição de terras para os grandes grupos de interesses econômicos particulares, acaba por diminuir as possibilidades reais de o posseiro conseguir uma propriedade legal de terra. Esse expediente fez com que determinados grupos aumentassem seu poder se utilizando muitas vezes da força para alcançar seus objetivos, burlando desta forma o que está convencionado pela sociedade (lei).
FOWERAKER aponta que[13], a história da legalização das terras em mãos de particulares, é uma história política, e neste ponto é possível retomar a discussão do poder considerando que cargos públicos também são formas de amealhar poder e de utilizar a lei em benefício próprio. O peso maior da participação do Estado e como conseqüência do poder político na decisão sobre o controle das terras brasileira ocorreu, sobretudo, na forma de fomentos, bastante intensificados pelo governo entre os anos de 1940 e 1950, e que ainda estão presentes na atualidade, sob a forma de financiamentos bancários, crédito, micro-crédito e bolsas com fins variados.
No tocante ao tema específico do presente projeto, os mencionados fomentos estatais influenciaram enormemente na conformação econômica da região, pois no ano de 1975 foi instalada no Vale do Correntes uma Companhia Agrícola, responsável por um processo de expulsão e desapropriação do pequeno produtor que resultou num processo de concentração fundiária sem precedentes na região.
A interferência do Estado brasileiro no controle e direcionamento da cultura canavieira passou a ocorrer no início dos anos de 1930[14], mas a partir de 1960esse controle se deu com maior intensidade no Centro-Oeste. COSTA[15] mostrou que esta década foi o marco histórico inicial das transformações na agricultura, promovida por um determinado modelo de sociedade que se pretendia construir, no qual uma maior produção agrícola supostamente traria resultados positivos para a estratégia de desenvolvimento adotada. E isso não foi obtido nem em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul, na perspectiva da maioria dos trabalhadores rurais destes estados.
A agricultura brasileira tem um problema chave, pois ao mesmo tempo que precisa fortalecer o mercado externo, necessita também aumentar a produtividade de bens de consumo interno. Porém, com a modernização conservadora da agricultura, tem-se uma redução no número de pequenas propriedades, que são as que produzem os bens de consumo interno, visto que nos “CAIs” o que prevalece é a produção em larga escala dos produtos de exportação e esses avançaram em área sobre a pequena produção. Segundo NASCIMENTO[16], o aspecto principal dessa “modernização via Estado”, promoveu uma expansão subsidiada do latifúndio, que se modernizou (mecanização, utilização de novos insumos), tornando-se capaz de produzir em larga escala, porém não houve geração de empregos correspondente e o que se efetivou foi a expulsão, quando não expropriação do trabalhador do campo. Este não é o ponto de vista de MULLER[17], para quem o complexo agro-industrial pode atender tanto o mercado externo quanto o interno na produção de gêneros de subsistência. Outro ponto de vista contrário ao de MULLER, pauta-se em PRADO Jr.[18], que ao defender a pequena propriedade, mostrou que o implemento de máquinas e equipamentos modernos (que visam principalmente a produção para abastecer o mercado externo) aumentou a exclusão social no campo, assim como o desemprego. A questão que pretendemos discutir é a degradação social, econômica e ambiental, promovida a partir do processo de concentração fundiária, que além de privilegiar um número restrito de pessoas é prejudicial ao desenvolvimento econômico da região, na medida que a pequena propriedade que vem perdendo espaço para os CAIs é aquela que produz majoritariamente os gêneros de consumo dos quais as pessoas necessitam.



6) HIPÓTESES


Houve na região a expulsão do índio e do trabalhador rural, pequeno proprietário e posseiro do campo para a instalação da agroindústria canavieira, da soja, além de criação extensiva de gado na região, para que o latifúndio em primeiro lugar se reproduzisse como parte da tradicional estrutura fundiária brasileira e depios se modernizasse, concentrando mais terras, riqueza e poder.
O trabalho indígena , em condições bastante insalubres, deve ter se constituído como elemento de acumulação primitiva, o que mostra descaso com qusetões sociais e com os direitos do ser humano.
Graves problemas ambientais, como queimadas nos canaviais e utilização indiscriminada de herbicidas e inseticidas nas fazendas da região. A acumulação da elite regional nos termos colocados vem promovendo a degradação humana (precarização do trabalho e desemprego) e ambiental (desmatamento, queimada, poluição hídrica).



7) LEITURAS DE REFERÊNCIA


Para o desenvolvimento do presente projeto, sustentamo-nos em termos bibliográficos em autores que analisam processos relacionados a questões da terra, da colonização e migração e suas relações com os conceitos de Fronteira, Zonas de Expansão, Zonas Pioneiras desenvolvidos por autores como Tânia Navarro Swain, para quem:

A apropriação da terra e a dominação da força de trabalho foram os pilares da concentração de riqueza no Brasil, a base do poder regional e o amparo ao Estado oligárquico. Dentro deste contexto, a pequena propriedade representa uma ameaça para o sistema estabelecido, tendo em vista o caráter monoexportador do setor dinâmico da economia que exige mão-de-obra abundante a custo pouco elevado, e novas terras férteis.(1988: 21)

No tocante à compreensão sobre fronteiras utilizamos os conceitos de criados por Waibel. segundo Waibel, a questão é se ainda “temos tais zonas pioneiras no Brasil e, em caso afirmativo, onde estão localizadas (...) o que exige uma melhor definição dos conceitos de frontier e pionner” (1979: 281).
Segundo Waibel, o conceito de pioneiro.

significa mais do que o conceito de frontiersman, i.é., do indivíduo que vive numa fronteira espacial Nem o extrativista e o caçador, nem o criador de gado, podem ser considerados como pioneiros; apenas o agricultor pode ser denominado como tal, estando apto a constituir uma zona pioneira. Somente ele é capaz de transformar a mata virgem numa paisagem cultural e de alimentar um grande número de pessoas numa área pequena. (Waibel, 1979: 282 emprega o conceito de pioneiro também para indicar a introdução de melhoramentos no campo da técnica e da vida espiritual)

Esse autor afirma, ainda, que :

só falamos de uma ‘zona pioneira’ (...) quando subitamente por uma causa qualquer a expansão da agricultura se acelera, quando uma espécie de febre toma a população das imediações mais ou menos próximas e se inicia o afluxo de uma forte corrente humana (Waibel, 1979: 282).
De grande relevância ainda para o presente estudo foram algumas obra de Martins (1997), para quem o termo fronteira, no Brasil, é tratado de forma particular por geógrafos e antropólogos. Para os primeiros, como um termo que designa uma zona pioneira ou uma frente pioneira. Os segundos, sobretudo a partir dos anos cinqüenta, definiram essas frentes de deslocamento da população civilizada e das atividades econômicas de algum modo reguladas pelo mercado, como frentes de expansão.
Na tentativa de explicitar melhor essa diferença Martins (1997) apresenta a posição assumida por diferentes autores, mas, nos limites desse estudo, restringimo-nos a apresentar as consideraçõers de Martins sobre os conceitos defendidos por Darcy Ribeiro, Pierre Monbeig, Roberto Cardoso de Oliveira, Arthur Nehl Neiva.
A designação de frentes de expansão formulada por Darcy Ribeiro, como “fronteiras de civilização”, tornou-se uso corrente até mesmo entre antropólogos, sociólogos e historiadores que não estavam trabalhando propriamente com situações de fronteira da civilização. Ela expressa a concepção de ocupação do espaço de quem tem como referência as populações indígenas, enquanto a concepção de frente pioneira não leva em conta os índios e tem como referência o empresário, o fazendeiro, o comerciante e o pequeno agricultor moderno e empreendedor.
Tais definições parecem apontar que a concepção dos antropólogos sobre a expansão é mais ampla, pois incorpora os índios, desconsiderados pelos geógrafos.
Pierre Monbeig define os índios alcançados (e massacrados) pela frente pioneira no oeste de São Paulo como precursores dessa mesma frente, como se estivessem ali transitoriamente à espera da civilização que acabaria com eles. A ênfase original de suas análises estava no reconhecimento das mudanças radicais na paisagem pela construção de ferrovias, das cidades, pela difusão da agricultura comercial em grande escala, como o café e o algodão.
A concepção de frente pioneira, para Martins,

compreende implicitamente a idéia de que na fronteira se cria o novo, nova sociabilidade, fundada no mercado e na contratualidade das relações sociais. (...) A frente pioneira é também a situação espacial e social que convida ou induz `a modernização, à formulação de novas concepções de vida, à mudança social. (Martins, 1997)
para Martins (1997), a fronteira é essencialmente o lugar da alteridade, do conflito de terras ou conflito social:

Na minha interpretação, a fronteira é essencialmente o lugar da alteridade. É isso que faz dela uma realidade singular, À primeira vista é o lugar do encontro dos que por diferentes razões são diferentes entre si, como os índios de um lado e os civilizados de outro; como os grandes proprietários de terra, de um lado e os camponeses pobres, do outro. Mas o conflito faz com que a fronteira seja essencialmente a um só tempo, um lugar de descoberta do outro e de desencontro (...) a fronteira só deixa de existir quando o conflito desaparece, quando os tempos se fundem, quando a alteridade original e mortal dá lugar à alteridade política, quando o outro se torna a parte antagônica do Nós...” (Martins, 1997).

No que diz respeito à localização das zonas pioneiras Waibel considera que

No Brasil as zonas pioneiras não são um fenômeno primário da conquista de novas terras, mas uma conseqüência da mesma. (...) Nestas áreas insuladas de mata os colonos penetraram não só a partir do leste, mas, também, do sul e do norte, e em parte do oeste, fazendo assim uma penetração pela retaguarda.(Waibel, 1997).

A partir da reflexão dos conceitos de fronteira, zonas pioneiras e zonas de expansão dos autores supramencionados, Martins (1997) se sente à vontade para fazer uma primeira datação histórica: adiante da fronteira demográfica ou da “civilização”, estão as populações indígenas que sofrem as conseqüências dos processos de expansão. Entre a fronteira demográfica e a fronteira econômica está a frente de expansão, isto é, a frente da população não incluída na fronteira econômica. Atrás da linha da fronteira econômica está a frente pioneira, dominada não só pelos agentes da civilização, mas, também, pelos agentes da modernização que se constituem em agentes da economia capitalista que vai além da economia de mercado. São agentes de mentalidade inovadora, urbana e empreendedora.


8) METODOLOGIA


1) Técnicas e procedimentos de pesquisa.
a) Entrevistas com indígenas mais velhos;
b) Entrevistas com camponeses mais velhos expulsos e/ou expropriados do campo;
c) Entrevistas com administradores de agro-indústrias da cana e da soja e frigoríficos;
d) Entrevistas com engenheiros de produção das agro-indústrias;
e) Entrevistas com médios e grandes proprietários de soja, cana e pecuária extensiva;
f) Entrevistas com atacadistas;
g) Entrevistas com Empaer e Emater;
h) Entrevistas com trabalhadores rurais fixos, sazonais e diaristas;
i) Entrevista com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais;
j) Entrevistas com o Sindicato dos Produtores Rurais;
k) Entrevistas com médicos do SUDS;
l) Entrevistas com pacientes do SUDS;
m) Entrevista com representantes de Associação Ambiental.
2) Debate entre várias correntes de opinião acerca do objeto de estudo.


9) BIBLIOGRAFIA


BRAY, Silvio Carlos; FERREIRA,Enéas Rente; RUAS, Davi Guilherme Gaspar. “As Políticas da Agroindústria Canavieira e o Proálcool no Brasil”. Marília, Unesp-Marília-Publicações, 2000.
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NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. “Aceleração Temporal na Fronteira: estudo do caso de Rondonópolis-MT”. Tese de doutorado, São Paulo: História/FFSCH/USP, 1997, p.01 a 25.
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WAIBEL, Léo. As zonas pioneiras do Brasil. In: ___________. Capítulos de geografia tropical e do Brasil. 2ª Ed., Rio de janeiro: FIBGE, 1979. p. 279-311.

[1] PRADO Jr., Caio. “História Econômica do Brasil”. Brasiliense, São Paulo, 43 ed. 1998.
[2] MULLER, Geraldo. “Cem Anos de República: notas sobre as transformações Estruturais no Campo”. In: Revista de Estudos Avançados. V.03,n.07, São Paulo, USO/ICA: set/dez, 1989.
[3] BRAY, Silvio Carlos; FERREIRA,Enéas Rente; RUAS, Davi Guilherme Gaspar. “As Políticas da Agroindústria Canavieira e o Proálcool no Brasil”. Marília, Unesp-Marília-Publicações, 2000.
[4] Bray, Op. Cit.
[5] PALMEIRA, Moacir.”Modernização, Estado e Questão Agrária”. In: Revista de Estudos Avançados. São Paulo (USP) IEA. Set/Dez. v.03,n. 07,p..87. 1989.
[6] PRADO Jr.
[7] As obras referidas são:
a)MARTINS, José de Souza. Fronteira. A degradação do outro nos confins do humano. São Paulo: Hucitec, 1997.
b)MONBEIG, Pierre. Os pioneiros. In: ____________. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo: Hucitec-Polis, 1984. p. 139 – 164.
c)SWAIN, Tânia Navarro. Fronteiras do Paraná: da colonização à migração. Brasília: Universidade de Brasília, 1988.

WAIBEL, Léo. As zonas pioneiras do Brasil. In: ___________. Capítulos de geografia tropical e do Brasil. 2ª Ed., Rio de janeiro: FIBGE, 1979. p. 279-311.


[8] CHARTIER, Roger.“A história cultural: entre práticas e representações”. Lisboa Rio de Janeiro, DIFEL Bertran Brasil, 1990.



[9] VOLPATO, Luiza Rios Ricci. “A Conquista da Terra no Universo da Pobreza”. São Paulo:Hucitec, 1987.
[10] LENHARO, Alcir. “Crise e Mudança na Frente de Colonização”. NDIHR-UFMT, Cuiabá-MT, 1982.
[11] PALMEIRA, Moacir. “Modernização, Estado e Questão Agrária” in: Revista de Estudos Avançados, São Paulo:IEA(USP), v.03, n.07, set/dez, 1989.
[12] FOWERAKER, Joe. “A luta pela terra – a economia política da fronteira pioneira no Brasil de 1930 aos dia atuais”. Rio de Janeiro:Zahar, 1982.
[13] O autor faz alusão a um problema brasileiros dos anos de 1980, que nos parece ainda muito pertinente aos problemas fundiários da atualidade. Nesta caso específico, acredita-se que o estudo desse autor é bem empregado na tentativa de compreender a formação latifundiária e excludente da região do Vale do Correntes.
[14] Bray; FERREIRA & RUAS. Op. Cit.
[15] COSTA, Dermeval Pereira da. “Um diagnóstico acerca das transformações recentes na agricultura brasileira: o caso da Usina Jaciara S/A”. Mimeo.
[16] NASCIMENTO, Flávio Antônio da Silva. “Aceleração Temporal na Fronteira: estudo do caso de Rondonópolis-MT”. Tese de doutorado, São Paulo: História/FFSCH/USP, 1997, p.01 a 25.
[17] MULLER, Geraldo. “Cem anos de República: notas sobre as transformações estruturais do campo”. In: Revista de estudos avançados, v.03,n.07, São Paulo, USP/ICA: set/dez, 1989.
[18] PRADO Jr. Op. Cit.